Voltar para a lista de aprovados
AUTORES: Rosana Teresa Onocko Campos,
PALAVRA-CHAVE: violência, intersetorialidade, saúde mental, psicoterapia breve
INTRODUÇÃO: A interface entre a violência e a saúde despontou globalmente no cenário das políticas públicas há 30 anos, com objetivo de implementar ações para o enfrentamento e atendimento das diversas tipificações da violência nos serviços assistenciais. O Brasil aumentou significativamente as iniciativas para essa problemática, promovendo diversos programas na sociedade, nas pesquisas e na esfera política. A despeito desses esforços, a violência se mantém como uma temática central para as políticas públicas, demandando cada vez mais abordagem intersetorial, por se tratar de um fenômeno complexo. Ainda há limites para o enfrentamento dessa problemática, a articulação intersetorial ainda é insuficiente e ineficiente, além da disponibilidade reduzida de pessoal treinado e sensibilizado para o atendimento de pessoas em situação de violência. A violência é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos mentais, que além de prejuízos individuais e sociais, acarretam uma maior carga de adoecimento por doenças crônicas.
MÉTODOS E MATERIAIS: A fim de atingir os objetivos propostos, desenvolveremos várias estratégias vinculadas às pesquisas de implementação, as quais - por definição - acontecem no cenário real, visando aprimorar as práticas das políticas públicas. As pesquisas de implementação se mostraram eficazes para diminuir o tempo de aplicação concreta de avanços descobertos pela ciência acelerando assim o processo de aprimoramento das políticas públicas. Estima-se que haja uma lacuna de tempo de uma média de 17 anos para evidências científicas serem implementadas na prática clínica, e só 20% destas evidências chegam de fato à rotina de cuidados. A ciência da implementação busca justamente reduzir esta lacuna. Nas diferentes fases desse percurso utilizaremos: 1- entrevistas com trabalhadores, 2- Rodas de conversa e grupos educativos, 3- Atividades lúdico-pedagógicas com crianças, 4- supervisão clínica e treinamento, 5- Reuniões de planejamento e avaliação 6- Compartilhamento dos resultados com os trabalhadores e a comunidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A formação de recursos humanos especializados (residentes) para trabalhar com essa área tão árdua, assim como a relevância de treiná-los em uma abordagem efetiva e ainda pouco divulgada como a psicoterapia psicanalítica breve. A articulação com alunos de graduação se torna uma contribuição à formação de profissionais sensíveis e humanizados. Para isso a articulação de ensino e extensão torna-se fundamental. Nosso programa envolve alunos de graduação (programa de Bolsas Sociais BAS), de residência multiprofissional e de pós-graduação. As principais estratégias pedagógicas são propiciar a criação de vínculo com a comunidade e serviços, senso de compromisso e responsabilidade e da abordagem da violência, permitindo desenvolver um olhar integral para as pessoas com quem convivem e com as práticas em saúde na comunidade. Oportunidade de desenvolver atividades de extensão e pesquisas. Desenvolvimento de habilidades relacionadas ao cuidado em saúde. Inserção de conteúdos sobre abordagem da violência em disciplinas de outros programas de residência, o que nos permite supor que nosso Programa de Extensão pode trazer uma contribuição importante na formulação de novas disciplinas e no redesenho dos conteúdos. Criar oportunidade de envolvimento com novas metodologias de ensino-aprendizagem para alunos de diferentes anos e cursos, com destaque para a dimensão sempre negligenciada da extensão nos programas de residência.
REFERÊNCIAS: a- Proctor EK, Powell BJ, McMillen JC. Implementation strategies: recommendations for specifying and reporting. Implement Sci. 2013 Dec 1;8:139. b- Kilbourne AM, Glasgow RE, Chambers DA. What Can Implementation Science Do for You? Key Success Stories from the Field. J Gen Intern Med. 2020 Nov;35(Suppl 2):783–7. c- Silva AA, Luiz CCA, Onocko-Campos RT, Leal EM, Lopes GPD, Dainezi JA. Implementação de um ambulatório psicossocial para pessoas expostas a situação de violência em um hospital universitário. Vínculo-Revista do NESME. 2021;18(1):42–52. d- Treichel CA dos S, Silva MC, Presotto RF, Onocko-Campos RT. Comitê Gestor da Pesquisa como dispositivo estratégico para uma pesquisa de implementação em saúde mental. Saúde em Debate. 2019 Nov;43(spe2):35–47.
ESTE TRABALHO FOI APROVADO PELO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA (CEP)? Sim
FINANCIAMENTO: CNPq
EIXO TEMÁTICO: EIXO 2 - Programas e Projetos de Extensão