Universidades do Brasil, França e Vietnã discutem proposta de pesquisa e ajuda às vítimas do agente laranja
Publicado por: Camila Delmondes
07 de outubro de 2015

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Pesquisadores do Brasil, França e Vietnã realizaram na manhã desta quarta-feira (28) um encontro internacional para discutir a criação de um acordo internacional de pesquisa, formação e assistência às vitimas do agente laranja (dioxina) no Vietnã. A reunião aconteceu na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Uma carta de cooperação estabelecendo as bases para as pesquisas deve ser elaborada em breve.

“O agente laranja não se decompõem na natureza e causa mutações genéticas. Ainda hoje, há crianças que nascem com deformações físicas no Vietnã, antiga colônia francesa”, disse Mario Eduardo Costa Pereira médico e psicanalista do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da FCM e coordenador do Laboratório de Psicopatologia: Sujeito e Singularidade (LaPSuS), que esteve em 2012 na cidade de Hanoi.

Guy Gimenez, do Laboratoire de Psychopathologie Clinique: Langage et Subjectivité  da Universidade de Aix-Marseille, disse que pretende convidar especialistas em traumatismo de guerra e catástrofe, biologia e neuropsicologia, dentre eles a geneticista Christine Murray e o linguista Noam Chomsky. “Estamos dispostos em colocar a experiência de nosso laboratório e pesquisadores para que o projeto tenha sucesso”, disse Gimenez.

O diretor da FCM Mario José Abdalla Saad é um entusiasta do projeto. Segundo Saad, a proposta cobre duas áreas importantes: ciência e humanitarismo. “Acredito que precisamos desse tipo de ação para ampliar a internacionalização da faculdade. Além disso, é importante para educar as pessoas em como viver no mundo difícil de hoje”, disse Saad.

Participaram ainda do encontro o psicanalista francês da organização Médicos Sem Fronteiras, Pierre Legendarme. Ele falou sobre as consequências do agente laranja e o impacto na humanidade. As consequências psicológicas do agente laranja na guerra do Vietnã e o modelo de apoio psicossocial às vítimas foi descrito por Nguyen Huu Thu, psicólogo da Universidade de Hanoi. O médico Thann Dang, representante do Instituto Nacional de Saúde Mental do Vietnã, apresentou como funciona o sistema de saúde mental de seu país.

Após a reunião, uma carta de cooperação estabelecendo as bases para as pesquisas entre as três Universidades deve ser elaborada e divulgada em breve.

Agente laranja

O agente laranja é uma mistura de dois herbicidas: o 2,4-D e o 2,4,5-T. Foi usado como desfolhante pelo exército dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. Ambos os constituintes do agente laranja tiveram uso na agricultura, principalmente o 2,4-D vendido até hoje. Por questões de negligência e pressa para utilização, durante a Guerra do Vietnã, foi produzido com inadequada purificação, apresentando teores elevados de um subproduto cancerígeno da síntese do 2,4,5-T: a dioxina tetraclorodibenzodioxina. Este resíduo não é normalmente encontrado nos produtos comerciais que incluem estes dois ingredientes, mas marcou para sempre o nome do agente laranja, cujo uso deixou sequelas terríveis na população daquele país e nos próprios soldados norte-americanos.

No período de 1961 a 1971, as tropas americanas aspergiram 80 milhões de litros de herbicidas, que continham 400 quilogramas de dioxina sobre o território vietnamita, de acordo com estatísticas oficiais. Esses desfolhantes destruíram o habitat natural, deixaram 4,8 milhões de pessoas expostas ao agente laranja e provocaram enfermidades irreversíveis, sobretudo malformações congênitas, câncer e síndromes neurológicas em crianças, mulheres e homens do país. Fonte: Wikipédia



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