As pesquisadoras Marilisa B. A. Barros e Margareth G. Lima, do Departamento de Saúde Coletiva (DSC) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, participaram no mês de dezembro, no Rio de Janeiro, do lançamento do suplemento "Um Panorama das Iniquidades em Saúde no Brasil", do International Journal for Equity in Health (IJEH), em que ambas tiveram dois artigos publicados. A publicação analisa as desigualdades sociais em Saúde no país, utilizando dados obtidos na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em 2013, pela primeira vez.

“A PNS – explicou Marilisa – obteve dados de mais de 60.000 indivíduos residentes nas diferentes regiões brasileiras. Foi a primeira grande pesquisa brasileira em saúde de ampla abrangência temática, realizada pelo IBGE, em parceria com a FIOCRUZ e sob a demanda da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, que obteve informações por meio de entrevistas domiciliares e que incluiu também coleta de material biológico e de medidas antropométricas”.

Ainda de acordo com Marilisa, o suplemento do IJEH reúne artigos sobre as desigualdades sociais em saúde no Brasil, a partir de diversas dimensões e tópicos, tais quais, desigualdades sociais na prevalência de doenças crônicas, nos comportamentos de saúde, nas limitações de atividades de vida diária, na expectativa de vida saudável, na realização de práticas preventivas (mamografia e Papanicolaou), nas intervenções de saúde materna e reprodutiva e no acesso a tratamento de depressão.

A pesquisadora da FCM também contou que a publicação traz artigos sobre as disparidades regionais na ocorrência de acidentes de trânsito, a tendência das iniquidades de acesso nos serviços de saúde, o efeito do programa "Estratégia de Saúde da Família" na busca de cuidados de saúde no Brasil e o impacto da Lei Maria da Penha no relato de tipos de violências sofridas.                                     

O lançamento do suplemento do IJEH aconteceu durante um seminário realizado no Centro de Estudos do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT/Fiocruz), no dia 7 de dezembro, quando foi possível conhecer e discutir os resultados, implicações e direcionamentos dos dados obtidos pelas pesquisas veiculadas na publicação.

“O evento concluiu pela necessidade da realização periódica da PNS a cada 5 anos, de forma a possibilitar o monitoramento da prevalência das doenças crônicas no país, da presença de comportamentos não saudáveis e do acesso a serviços de saúde, bem como do grau de iniquidades desses eventos entre os segmentos sociais da população. Esse inquérito traz informações essenciais para checar o atendimento das metas compromissadas pelo governo brasileiro e publicadas no Plano de Ações Estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis no Brasil 2011-2022”, concluiu Marilisa.