Revista Nature publica trabalho internacional com participação da FCM sobre atuação de neurotransmissor na manutenção da saúde metabólica
Publicado por: Karen Menegheti de Moraes
09 de setembro de 2024

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O artigo “Sympathetic neuropeptide Y protects from obesity by sustaining thermogenic fat” foi publicado na revista Nature em agosto. Fruto de parceria entre pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp e da Universidade de Oxford, o estudo descobriu que o neuropeptídeo Y (NPY) atua no sistema nervoso periférico e nas células de gordura, aumentando o metabolismo energético no organismo.

O professor do Departamento de Clínica Médica da FCM e um dos autores do artigo, Licio Velloso, explica que um dos achados se refere à expressão do NPY pelo sistema nervoso simpático. Esse sistema é responsável por controlar várias funções autonômicas do nosso organismo, que ocorrem independentemente da nossa vontade, como fome, pressão arterial, frequência cardíaca e gasto energético. “O neurotransmissor classicamente conhecido como executor das funções dos nervos simpáticos é a noradrenalina. Nesse estudo, demonstramos que parte das funções desse sistema é executada por outro neurotransmissor, chamado NPY. Portanto, é uma grande novidade, pois trata-se de um componente importante do sistema nervoso simpático”.

Ainda segundo o pesquisador, antes do trabalho, conhecia-se bem a função do NPY no cérebro (sistema nervoso central), particularmente no hipotálamo. “Nessa região, o neurotransmissor promove aumento da fome, portanto, favorece o ganho de peso. Nosso estudo foi pioneiro em mostrar que, no sistema nervoso periférico, a função do NPY é oposta àquela desempenhada no cérebro, ao sustentar o gasto energético independentemente da ingestão alimentar”. Assim, Licio destaca que a pesquisa abre campo para o desenvolvimento de novas estratégias farmacológicas para o tratamento da obesidade.

Licio Velloso, da FCM, e Yitao Zhu (primeiro autor do artigo) e Ana Domingos, da Universidade de Oxford. Foto: divulgação

O estudo descobriu ainda a interação do NPY com as chamadas células murais no controle da obesidade. “Células murais são importantes componentes do território que envolve os vasos sanguíneos. Elas auxiliam esses vasos a se manter íntegros, mas também podem auxiliar outros tecidos por onde eles passam. No nosso artigo, demonstramos que as células murais, quando ativadas pelo NPY, podem se diferenciar em células de tecido adiposo com capacidade termogênica - isso significa que podem gastar energia para produzir calor. Assim, essas novas células são interessantes para o tratamento da obesidade, favorecendo a perda de peso”, declara o professor. 

Com relação à colaboração internacional, Licio destaca que o estudo foi concebido pela professora Ana Domingos, de Oxford, e a participação da Unicamp se deu na análise do gasto energético e da permeabilidade vascular dos animais transgênicos que não expressam o NPY nos nervos simpáticos. “A parceria com Oxford e outras universidades permite que se produza ciência de uma qualidade muito maior, pois coloca diferentes métodos, alunos e técnicas que são dominadas pelos diferentes grupos em consonância. Além disso, abre novas portas para colaboração”. O docente lembra que há dois ex-alunos da FCM trabalhando com a professora de Oxford: Davi Sidarta, do Programa Pesquisador em Medicina, e Rodrigo Gaspar, do Programa de Pós-Graduação em Fisiopatologia Médica. 

“A Nature é a mais tradicional e conceituada revista científica do mundo. Participar de um artigo publicado nela é uma honra para meu grupo e para mim. Considero que uma publicação como essa mostra que a Unicamp vem oferecendo oportunidades para que seus professores e alunos possam ter ótimas condições de trabalho, pois somente assim podemos ter produções com essa qualidade. Além disso, um estudo como esse contribui para consolidar a Unicamp como uma universidade com expressiva produção científica”, declara Licio. 

Pela FCM, além de Licio Velloso, participaram as pesquisadoras Ana Luísa Gallo Ferraz e Marcela Reymond Simões, ambas alunas do Programa de Pós-graduação em Fisiopatologia Médica, e Bruna Bombassaro, do pós-doutorado. Pela Universidade de Oxford, assinam o estudo Yitao Zhu, Ana Domingos e outros co-autores. 

Bruna Bombassaro, Ana Luísa Gallo Ferraz e Marcela Reymond Simões, da FCM. Foto: divulgação

 



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