Racismo em saúde bucal é tema de tese premiada pela Capes
Publicado por: Karen Menegheti de Moraes
12 de setembro de 2022

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A presidência da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), publicou no dia 10 de agosto o resultado do Prêmio Capes de Tese - Edição 2022. Na edição deste ano, dois trabalhos da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp receberam menção honrosa. Realizada pela cirurgiã-dentista Lívia Helena Terra e Souza, sob a orientação da epidemiologista Margareth Guimarães Lima, a pesquisa avaliou as condições de saúde e o uso de serviços odontológicos segundo a raça, cor da pele e gênero, bem como a associação destas determinantes com dificuldades de mastigar e sorrir, e perda dentária.

Ao todo, foram analisados, no período de 2014 a 2015, os dados de 3.021 pessoas, entre 10 e 100 anos de idade, residentes no município de Campinas. A pesquisa trouxe à tona a necessidade de discutir o racismo nas questões de saúde bucal, uma vez tendo demonstrado que as dificuldades de acesso aos serviços de saúde, a insatisfação com o atendimento recebido, e a pior saúde bucal estão associadas à raça, cor da pele e gênero.

A tese obteve como resultado três artigos científicos. O primeiro deles, publicado ainda em 2020 na Revista Race and Social Problems, abordou a disparidade socioeconômica entre brancos e negros como uma determinante relevante a ser considerada no que se refere à dificuldade dos negros de acesso à consulta, e à dificuldade para sorrir e comer. “A diminuição dessas desigualdades entre brancos e negros pode minimizar as disparidades encontradas”, diz a pesquisadora.

O segundo artigo, submetido à revista Plos One, mostrou de forma alarmante, que a chance de perda dentária da população feminina, autodeclarada preta e parda, foi duas vezes maior que a identificada entre os homens brancos. “Os resultados podem indicar uma tendência de atenção à saúde bucal baseada na tomada de decisão mutiladora em negros e pardos, afetando, principalmente, as mulheres negras”, conta a pesquisadora.

O terceiro artigo, a ser submetido, analisou a associação do uso de serviços de saúde bucal com a raça de acordo com o sexo. “Os resultados obtidos indicam uma interação significativa de sexo e raça, aumentando ouso do serviço público nas mulheres negras em relação às brancas. Esta constatação destaca a importância de perseverar na melhoria do acesso e da qualidade ao serviço odontológico sem distinção de raças e sexo”, avalia a pesquisadora.

O trabalho já havia conquistado o 2º Prêmio de Reconhecimento Acadêmico em Direitos Humanos Unicamp-Instituto Vladimir Herzog. Criado em 2020 para reforçar o compromisso da universidade com a defesa dos Direitos Humanos no Brasil, o Prêmio incentiva a criação e a difusão de conhecimentos que contribuam para a proteção e a promoção da dignidade da vida e de todas as formas de existência.



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