Os projetos “O ensino das ciências sociais na medicina” do professor Nelson Filice de Barros, do Departamento de Medicina Preventiva e Social e “Suporte básico de vida: desenvolvendo competências nos estudantes de medicina com extensão para a comunidade” do professor Gustavo Fraga, do Departamento de Cirurgia, ambos da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, foram dois dos 26 projetos selecionados dentre os 75 inscritos para participar do programa da Foundation for Advancement of International Medical Education and Research (Faimer) Brasil de 2011.

A Foundation for Advancement of International Medical Education and Research (Faimer) é uma organização sem fins lucrativos da Educational Commission for Foreign Medical Graduates (ECFMG). O Faimer Brasil é uma especialização realizada pela Universidade Federal do Ceará (UFC) em dois anos em tempo parcial. O projeto tem o apoio da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), do Ministério da Saúde. A especialização é coordenada pelo professor e vice-reitor da UFC, Henry Campos, e pela professora Eliana Amaral, docente do Departamento de Tocoginecologia da FCM e vice-coordenadora do programa.

O programa consiste em duas sessões presenciais e duas sessões à distância de 11 meses cada. As sessões presenciais são realizadas de forma intensiva em imersão durante 10 dias. Os temas trabalhados em atividades interativas incluem: avaliação de estudantes, boas práticas docentes, avaliação de programa, educação à distância, gerenciamento de mudanças, planejamento de projetos, gerenciamento de conflitos, pesquisa educacional, mérito acadêmico, pesquisa quantitativa e qualitativa.

O projeto “O ensino das ciências sociais na medicina” segue a temática da formação mais humanizada do médico e surgiu das mudanças promovidas pela reforma curricular da FCM da Unicamp ocorrida no início do ano 2000. Essa reforma promoveu uma mudança curricular que extinguiu o curso de “Ciências Sociais Aplicadas à Medicina”, iniciado em 1965 no segundo ano do curso médico e criou, no seu lugar, o “Módulo de Saúde e Sociedade”. Essa ação trouxe benefícios como o ensino baseado em problema centrado na comunidade. No entanto, trouxe dificuldades como a perda de oportunidades de desenvolver competências e habilidades das Ciências Sociais e encadeamento com outras disciplinas.

“Com este projeto, pretendemos reorientar e resgatar o ensino das Ciências Sociais no curso de medicina. Ele é relevante e estratégico para a construção de colaborações internas às áreas do Departamento Medicina Preventiva e Social e cooperações externas com outros departamentos da FCM”, explicou Barros.

Com o projeto “Suporte básico de vida: desenvolvendo competências nos estudantes de medicina com extensão para a comunidade” pretende-se mudanças no curso Laboratório de Habilidades I, Suporte Básico de Vida. Este curso é ministrado no primeiro semestre. De acordo com o projeto, as aulas passarão a acontecer no Laboratório de Habilidades, um prédio recém-inaugurado que tem quatro arenas para atividades práticas e uma sala de emergência. A maioria das aulas contará, simultaneamente, com quatro professores do corpo clínico da disciplina de Cirurgia do Trauma ou das concessionárias de rodovias Renovias e Rota das Bandeiras, um para cada equipe da arena.

Dessa, maneira, os alunos passarão por diversas atividades práticas simuladas, sendo capacitados para situações reais. Oficinas serão realizadas para desenvolver nos alunos e instrutores as competências de planejamento, trabalho em grupo e liderança apreciativa. No final do curso, os alunos serão avaliados em rodízios em estações, de maneira que cada um dos aprovados esteja apto para atuar como instrutor de primeiros socorros.

“A avaliação final de cada aluno será por meio do monitoramento da equipe em que eles serão os instrutores para alunos do ensino médio. Os avaliadores serão os professores do curso. Também será realizada uma prova objetiva para comparar com os resultados do ano anterior”, explicou Fraga.

As atividades desses dois projetos iniciaram-se na FCM da Unicamp nesta terça-feira (22). Os professores-coordenadores dos módulos contaram com a presença do professor Flávio César de Sá, gestor da disciplina de Bioética, que também deve atuar nas ações conjuntas a fim de promover um curso mais interativo e envolvente para os alunos do segundo ano ao passarem por essas disciplinas.

O professor Sigisfredo Luis Brenelli, diretor do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (Deges) e docente do Departamento de Clínica Médica da FCM da Unicamp representou a SGTES no encerramento da sessão presencial intensiva da Faimer Brasil ocorrida na semana passada no Hotel Oceanic, em Fortaleza, CE. O representante da Organização Panamericana de Saúde (Opas), Roberto Esteves, também esteve presente no encerramento. Esteves é ex-aluno do curso de medicina da FCM da Unicamp. A comunidade Faimer global tem mais de 500 participantes de mais de 200 escolas em 40 países. O Programa Faimer Brasil selecionou sua primeira turma em 2007. Até o momento, 101 indivíduos de 45 instituições participaram deste programa.

Texto: Gustavo Fraga e Edimilson Montalti
Fotos: Gustavo Fraga