Pesquisa sobre transplante de medula óssea e compatibilidade de doadores ganha prêmio
Publicado por: Camila Delmondes
07 de outubro de 2015

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A pesquisa “Influência da ausência dos ligantes HLA para os receptores KIR na incidência de DECH agudo no TCPH alogênico, HLA compatível, aparentado e sem depleção de linfócitos T.”, da bióloga e pós-doutoranda da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp Daniela Maira Cardozo ganhou o prêmio “Ricardo Pasquini” de melhor trabalho concedido a jovens pesquisadores pela Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO). O prêmio foi entregue durante o Congresso da SBTMO ocorrido no final de agosto, em Foz do Iguaçu. A orientação da pesquisa foi do médico Carmino Antônio de Souza e teve apoio da Fapesp.

No caso do transplante alogênico, existe a possibilidade de as células do doador (o enxerto) reagirem contra o organismo do paciente (o hospedeiro), mesmo que o doador seja um irmão ou irmã. Esta reação é conhecida como doença enxerto contra hospedeiro (DECH), que pode se manifestar de forma aguda ou crônica. A forma aguda costuma acorrer nos primeiros sessenta dias e pode comprometer a pele, fígado ou trato gastrointestinal.

O objetivo do estudo foi avaliar a possível interação dos genes KIR e HLA no curso clínico do transplante de células progenitoras hematopoiéticas, HLA compatível, aparentado e sem depleção de linfócitos T, em pacientes com doenças hematológicas. O estudo prospectivo foi realizado no Hemocentro da Unicamp com 50 pacientes de 2008 a 2014. Os doadores de medula óssea também foram incluídos na pesquisa e acompanhados durante o período.

“Embora seja aceito que a interação KIR-HLA possa ter influência no resultado dos transplantes haploidênticos, não há consenso sobre essa influência nos transplantes HLA compatíveis. Existem estudos que relatam benefícios, enquanto outros demonstram que a interação KIR-HLA não influencia no resultado do transplante”, explica Daniela.

Os genes KIR e HLA de classe I foram genotipados pela reação em cadeia da polimerase, com o protocolo de sequencia específica de oligonucleotídeos (PCR-SSO) utilizando o kit de genotipagem comercial KIR e HLA. Os pacientes foram agrupados baseado na presença dos ligantes HLA Bw4 e/ou Cw, combinados com o genótipo KIR dos respectivos doadores.

Segundo o biólogo Fernando Guimarães, a etapa mais difícil da pesquisa foi obter amostras e informações dos pacientes. “É o ponto mais sensível em estudos com seguimento de longo prazo, porque depende de uma boa coordenação entre a equipe clínica e a de pesquisa”, explicou o pesquisador que desenvolveu seu pós-doutorado em tratamento de neoplasias hematológicas no Instituto Karolinska, em Estocolmo, Suécia.

Quatro possíveis combinações dos ligantes HLA para os KIR inibitórios foram consideradas no estudo: Cw heterozigoto (C1C2) com Bw4 (presença de três ligantes); Cw heterozigoto (C1C2) sem Bw4 (presença de dois ligantes); Cw homozigoto (C1C1 ou C2C2) com Bw4 (presença de dois ligantes); Cw homozigoto (C1C1 ou C2C2) sem Bw4 (presença de um ligante).

De acordo com a pesquisa, pacientes com todos os ligantes HLA para os receptores KIR presentes tiveram incidência acumulativa mais alta para doença de enxerto contra hospedeiro (DECH) agudo, quando comparados com pacientes com um ou mais ligantes para KIR ausentes. A sobrevida global dos pacientes com doenças mieloides foi maior no grupo com um ou mais ligantes HLA para KIR ausentes, quando comparados com grupo com todos os ligantes para KIR presentes.

“Os resultados revelam uma associação entre a ausência de ligantes HLA para os receptores inibitórios KIR e a incidência de DECH agudo. Sustentam, ainda, o benefício da ausência do ligante para KIR no resultado do transplante em pacientes com doenças mieloides”, diz Daniela.

Pesquisa: Influência da ausência dos ligantes HLA para os receptores KIR na incidência de DECH agudo no TCPH alogênico, HLA compatível, aparentado e sem depleção de linfócitos T.
Autores: Daniela Maira Cardozo, Amanda Vansan Marangon, Rodrigo Fernandes da Silva, Francisco José Aranha, Carmino Antônio de Souza, Fernando Guimarães
Orientador: Carmino Antônio de Souza
Unidade: Faculdade de Ciências Médicas – Unicamp
Apoio: Fapesp



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