Pesquisa qualitativa não é bicho de sete cabeças, mostram estudantes de Medicina durante reunião online
Publicado por: Camila Delmondes
24 de setembro de 2020

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Na manhã de 17 de setembro, estudantes do curso de graduação em Medicina da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp contaram como estão aprendendo a redigir projetos usando o Método Qualitativo de Pesquisa aplicado às vivências clínicas. O evento foi online e aberto ao público acadêmico e chegou a reunir 70 ouvintes interessados em iniciação científica. O ouvinte mais distante foi do curso de Medicina do campus Altamira, da Universidade Federal do Pará (UFPA). A programação fez parte da 17ª Reunião Trimestral Aberta de Pesquisa Qualitativa das Áreas da Saúde da Unicamp.

“A tônica do evento foi o relato de um encantamento pela descoberta precoce do universo das pesquisas universitárias, considerando sua imersão numa universidade pública de ponta como a Unicamp, onde a FCM é excelência na integração do tripé ensino-pesquisa-assistência. Durante a reunião, os alunos foram mostrando que a Pesquisa Qualitativa não é um bicho de sete cabeças”, disse Egberto Turato, coordenador do evento e professor colaborador do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria e professor titular em Prática de Ciências. A disciplina de Prática de Ciências é obrigatória no 1º ano médico da FCM.

Três apresentações ocuparam uma hora e meia, com os participantes expondo suas dúvidas sobre como aproximar estudantes de graduação das diversas ciências da saúde, nas quais há predominância paradigmática biomédica, à prática da investigação das Ciências Humanas, de onde advêm os chamados métodos qualitativos de pesquisa. O primeiro apresentador foi Aléxis Vinicius Queiroz dos Santos. Ele discorreu sobre a pesquisa Vivências de pacientes pós-alta relacionadas ao período de internação em terapia intensiva por Covid-19 em um hospital público universitário: um estudo clínico-qualitativo.

“O tripé da singularidade da pesquisa ‘quali’ sobre adoecimentos reúne atitude clínica, atitude psicanalítica, atitude existencialista. Aprendi sobre os três conceitos de doença, tal como marcados em língua inglesa: disease (a doença explicada cientificamente), illness (a experiência subjetiva de uma não-saúde por parte do paciente) e sickness (o entendimento subjetivo da doença conforme compartilhado sociologicamente em certa cultura)”, disse Aléxis durante sua apresentação.

A estudante Thamires Sales da Silva, expôs sua perspectiva de aprendizado, a propósito do projeto em redação Vivências das famílias com crianças autistas durante o período de quarentena da Covid-19: Um estudo clínico-qualitativo. Após descrever as características metodológicas de sua proposta, a estudante da FCM mencionou sua descoberta da pesquisa qualitativa no contexto da pesquisa quantitativa: a experiência de pensar as Humanidades no contexto naturalista da Clínica.

“O diário de campo, neste modelo de pesquisa, é muito importante para complementar a entrevista semidirigida de questões abertas em profundidade. Esse conjunto é importante para a técnica da Análise de Conteúdo usada para tratar relatos das entrevistas”, explicou Thamires, ressaltando a Psicologia da Saúde como o quadro teórico de sustentação da pesquisa clínico-qualitativa.

O encerramento da reunião ficou para o aluno Giovani Lopes dos Santos, que partiu de seu projeto de iniciação científica em elaboração: Percepções sobre Doença de Graves: Um estudo clínico-qualitativo de relatos de doentes em eutireoidismo e sem oftalmopatia em ambulatório universitário especializado. Giovani, vindo de Ensino Médio em escola pública, contou sobre o fascínio do ingresso numa universidade como a Unicamp. Ele falou da interessante atividade da validação dos resultados por peer-review em laboratório de pesquisadores.

“Essa experiência me permitiu conhecer como é um mestrado e um doutorado, uma vez que a Universidade permite que alunos de graduação, pós-graduação e pesquisadores trabalharem juntos”, revelou Giovani.

Toda a reunião foi gravada e está disponível no Youtube. “O aprendizado precoce voltado à pesquisa científica não assusta os jovens estudantes, mesmo recém saídos do Ensino Médio”, conclui Egberto.

A 18ª Reunião Trimestral Aberta de Pesquisadores Qualitativistas da Saúde da Unicamp será no dia 10 de dezembro. O tema será divulgado em breve.



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