Pesquisa da FCM em parceria com a Universidade de Barcelona investiga o itinerário terapêutico de pessoas com deficiência visual
Publicado por: Camila Delmondes
20 de maio de 2021

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Uma pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp realizada em parceria com a Faculdade de Medicina e Ciências da Saúde da Universidade de Barcelona (UB) – com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) – verificou a percepção de profissionais e usuários a respeito do funcionamento, organização e articulação de serviços de saúde e reabilitação para as pessoas com deficiência visual, em duas grandes cidades do Brasil e da Espanha, e apontou o trabalho interdisciplinar e intersetorial como estratégia de acesso desses cidadãos aos serviços de saúde e reabilitação.

Intitulada “Desafios e potencialidades do itinerário terapêutico de pessoas com deficiência visual: descobrindo teias e conexões”, a tese defendida pela fonoaudióloga Ana Cláudia Fernandes, no âmbito do Programa de Pós-Graduação Saúde Interdisciplinaridade e Reabilitação, foi orientada pela docente do Departamento de Desenvolvimento Humano e Reabilitação da FCM, Rita de Cassia Ietto Montilha, e coorientada por Dolores Rodríguez Martín, docente da UB.

“No que toca à deficiência visual, conhecer o itinerário terapêutico destas pessoas desde o diagnóstico até a reabilitação permite visualizar possíveis potencialidades e desafios dos sistemas de saúde e sua comunicação com outros setores”, disse Ana Cláudia sobre a importância do estudo, realizado a partir de entrevistas com profissionais de saúde e reabilitação, pacientes e familiares.

Dentre os obstáculos apontados pela grande maioria dos participantes do estudo, no que se refere aos serviços de saúde e reabilitação destinados às pessoas com deficiência visual, Ana Cláudia destaca as dificuldades no acesso ao sistema, a necessidade de formação profissional e a conscientização da população geral. “Ações de educação permanente configuram possível estratégia para favorecer a formação dos profissionais dentro do próprio cotidiano da prática de serviços de saúde”, comenta a pesquisadora.

A reabilitação foi apontada no estudo como o principal ponto de referência, vínculo e apoio às pessoas com deficiência e seus familiares. O papel desempenhado pelas instituições sem fins lucrativos é de destaque nesse cenário e chamou à atenção de Ana Cláudia para a necessidade de estreitamento intersetorial. “Setores de saúde, educação e assistência, público e privado, devem atuar mais próximos e articulados”, disse.

A partir do seu estudo, Ana Cláudia pôde conhecer o funcionamento da “rede formal” construída e instituída pela legislação vigente e a “rede real” construída pelo próprio usuário e influenciada por atores sociais, segundo as conexões que se estabelecem entre serviços e pessoas. Ela argumenta que agora é possível vislumbrar o potencial do Brasil e da Espanha no fortalecimento de estratégias e ações que favoreçam o acesso aos serviços de saúde como é o caso de ações intersetoriais, interdisciplinares e de educação permanente.

“Compreender tais conceitos, investir em formação profissional e educação em saúde, e, principalmente, refletir sobre as relações de poder e saber que se estabelecem entre gestão, profissionais, usuários e familiares, é fundamental para que de fato os desafios da prática inter possam ser superados e assim favorecer o acesso à saúde por pessoas com deficiência visual”, afirmou.

Veja a pesquisa.

Veja como foi a defesa.



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