Pandemia de covid-19 é tema de exposição artística e livro lançados no Espaço das Artes da FCM
Publicado por: Karen Menegheti de Moraes
25 de agosto de 2023

Compartilhar:

Vídeo: Marcelo Oliveira/ARPI

Em 22 de agosto, o Espaço das Artes da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp recebeu a abertura da exposição “Uma distopia escafandrista da pandemia”, do artista Batata Sem Umbigo. A série reúne 17 desenhos produzidos entre abril e maio de 2020, no início da crise sanitária advinda com a covid-19 no Brasil e no mundo. As ilustrações também integram o livro do sociólogo Rafael Afonso da Silva, “O sonho curto dos napëpë e a pandemia” (2020), cuja edição impressa foi lançada no vernissage. A exposição segue aberta à visitação até 31 de agosto.

Exposição segue no Espaço das Artes até 31 de agosto. Foto: Karen Moraes/ARPI

Os escafandros, equipamentos de mergulho fechados que permitem respirar debaixo d’água, aparecem em todas ilustrações de Batata. “Um dos afetos que mais me comoveu naquele início de pandemia era a falta da presença dos amigos, da rua, do desconhecido. Isso para quem pôde ficar em casa foi algo muito comum, mas também teve a galera que precisou estar na rua tentando ganhar sua sobrevivência. Essa exposição tenta refletir a ausência da presença em um mundo capitalista, onde não são todos que podem ter escafandros, mas que conseguem adaptar caixas e galões d’água para que possam viver”, disse o artista. O projeto da exposição foi apoiado pela ProEC - Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Unicamp.   

Artista Batata Sem Umbigo imaginou uma distopia num mundo pandêmico, onde não se conseguiria viver sem escafandros. Foto: Camila Delmondes/ARPI

Rafael, sociólogo do Departamento de Saúde Coletiva da FCM, conta que, ainda em 2020, fez o convite para que os desenhos de Batata passassem a fazer parte de seu livro, que também reúne ilustrações de João da Silva. Segundo o autor, o “sonho curto” do título se refere ao imediatismo imposto pela lógica capitalista da larga escala, presente na produção, circulação, consumo e política; já “napëpë”, em ianomâmi, remete ao homem branco. “20 milhões de animais humanos foram sacrificados na pandemia de covid-19, um número de guerra. Entregamos a gestão da doença para o estado e o mercado e perdemos até a autogestão dos nossos velórios. Desenhamos a fronteira da autogestão da pandemia no tapete da porta de nossas casas, e não quisemos aprender com as comunidades de povos originários, quilombolas e muitas periferias brasileiras, que havia outra possibilidade: a autogestão comunitária da imunidade”, declarou Rafael. O livro foi finalista do Prêmio Jabuti 2021, na categoria de Ciências Humanas, e prefaciado por Ailton Krenak.

O livro de Rafael foi finalista do Prêmio Jabuti 2021, na categoria de Ciências Humanas, e prefaciado por Ailton Krenak. Foto: Camila Delmondes/ARPI

Finaliza Rafael: “O escafandro do Batata é a distopia da nossa cosmofobia. Mas a vida também vaza, não importa os limites que a gente queira cercá-la: o desejo do abraço, o castelo de areia, a luz que dança com as claves dos malabares. Quem foi feito para não sobreviver, de repente desobedece o mandato necropolítico e faz o impossível: sobrevive, se humilhando ou não”.



Notícias mais recentes



Novo sistema de microscopia vai ampliar parque de equipamentos do Laboratório Multiusuário da FCM

(Divulgação) HC abre vagas para estágios em áreas de níveis técnico e superior

Revista Microorganisms divulga estudo da FCM sobre diagnóstico de infecções congênitas e neonatais em recém-nascidos

Lançamento do livro “Semiologia Cardiovascular”


VI Encontro do Projeto Temático FAPESP: Desigualdades Sociais em Saúde nos municípios sedes de duas metrópoles paulistas


Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas

Correspondência:
Rua Vital Brasil, 80, Cidade Universitária, Campinas-SP, CEP: 13.083-888 – Campinas, SP, Brasil
Acesso:
R. Albert Sabin, s/ nº. Cidade Universitária "Zeferino Vaz" CEP: 13083-894. Campinas, SP, Brasil.
Desenvolvido pela TI / FCM