Livro “Retratos da Saúde em Campinas: Sob as lentes do inquérito ISACamp” é lançado na FCM
Publicado por: Karen Menegheti de Moraes
20 de dezembro de 2022

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Ocorreu na última sexta-feira (16) o lançamento do livro “Retratos da Saúde em Campinas – Sob as lentes do inquérito ISACamp”, pela Editora Pontes. O evento começou com uma palestra no auditório da Graduação da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, que também foi transmitida por videoconferência. Em seguida, os participantes foram ao Espaço das Artes para o lançamento oficial. O livro tem a organização das professoras da FCM, Marilisa Barros (que não pode comparecer devido a problemas de saúde), e Margareth Lima.

O livro é uma coletânea de publicações científicas sobre diversos temas em saúde, obtidos a partir de dados coletados no Inquérito de Saúde de Campinas (ISACamp 2014/2015), realizado pelo do Centro Colaborador em Análise de Situação de Saúde (CCAS/FCM). A organizadoras, Marilisa e Margareth, também assinam diversos dos 17 capítulos do livro. No total, são 34 autores - a maioria formada por mulheres -, sendo professores, pesquisadores e alunos de pós-graduação da FCM e outras instituições.

Margareth Lima fala ao público. Foto: Péricles Lima/ARPI

Inquéritos ISACamp

O Inquérito ISA-SP, projeto multicêntrico da Fapesp, começou em 2001 reunindo os municípios de Campinas, Botucatu, Embu das Artes, Itapecerica da Serra e Taboão da Serra, além do distrito Butantã de São Paulo. Em Campinas, os inquéritos continuaram nas edições de 2008/2009 e 2014/2015 – este último teve desdobramentos em inquéritos nutricionais e do sono. Atualmente, está sendo realizado o 4º ISACamp (2022/2023), com o objetivo de gerar 3000 entrevistas, o que permite estimar as ocorrências de saúde para a população do município relativa aos grupos etários incluídos.

Por meio de visitas a uma amostra aleatória de domicílios, os pesquisadores coletam informações sobre o perfil sociodemográfico que prevalece em vários indicadores de saúde da população de Campinas. Entre os aspectos abordados estão: prevalência das doenças crônicas; ocorrência de acidentes e violências; prevalência de deficiências físicas; impacto dos problemas de saúde na qualidade de vida da população; prevalência de problemas emocionais e de transtornos mentais comuns; uso de serviços de saúde: consultas médicas e odontológicas, hospitalizações e de cirurgias, exames, vacinação e uso de medicamentos.

“Esses inquéritos têm dois grandes objetivos. Um é alcançar o conhecimento científico, com trabalhos de mestrado e doutorado, artigos publicados em revistas científicas, direcionados a novas descobertas, promovendo o avanço da ciência. Por outro lado, precisamos pensar na informação para planejamento e gestão. Esses trabalhos chegam à gestão de maneira indireta ou demorada. Às vezes, é preciso levá-los de uma maneira mais direta, por meio de relatórios, boletins e do próprio livro, cuja função é trazer resultados de prevalência, com estudos descritivos que cheguem logo à gestão e à comunidade”, afirmou Margareth Lima.

Foto: Péricles Lima/ARPI

Importância para ciência e gestão em saúde

Segundo Margareth, alguns dos objetivos do livro são: levar para o conhecimento da população e de seus movimentos sociais informações sobre o perfil sociodemográfico que prevalece em vários indicadores de saúde; divulgar de forma organizada um conjunto de informações que sejam úteis para gestores da saúde e outros setores sociais; dar uma devolutiva para a população que utilizou de seu tempo participando do Inquérito e que propiciou a geração do conhecimento; divulgar informações que indiquem os segmentos sociodemográficos em condições piores de saúde e que mereceriam intervenções especiais.

A professora Rosana Onocko, chefe do Departamento de Saúde Coletiva, enalteceu o trabalho do CCAS. “O lançamento é um momento muito importante para nosso departamento. É um trabalho que há muitos anos desenvolvemos em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Campinas. O CCAS tem suporte na Secretaria de Vigilância no Ministério da Saúde e está localizado no nosso departamento, com muito orgulho. Essa parceria entre o poder público e a universidade é fértil. Quando a gente se junta, ganham ambas as partes”.

Rosana destacou, ainda, o número de publicações desde o início do ISACamp: 26 dissertações de mestrado, 24 teses de doutorado e 102 artigos publicados em periódicos indexados, além de boletins, livros e devolutivas. “Gostaria de homenagear e parabenizar a professora Marilisa pelo trabalho. A gente também está muito feliz pela renovação com pesquisadores como a Margareth”, concluiu a docente.

Lançamento do livro no Espaço das Artes da FCM. Foto: Péricles Lima/ARPI

O professor da FCM e secretário de Saúde de Campinas, Lair Zambon, elogiou o livro, destacando a importância para seu trabalho enquanto gestor. “Esse livro é positivo do ponto de vista em que entende a lógica da grandeza que é o município e das dificuldades que ele tem que enfrentar. A publicação veio particularmente para mim na hora certa. Em nome da Prefeitura, queria agradecer e parabenizar os autores”, disse.

Renata Azevedo, docente do Departamento de Psiquiatria da FCM, que assina o capítulo do livro sobre transtornos mentais comuns, agradeceu a parceria entre os departamentos. “A saúde mental é indissociável de saúde coletiva, portanto, fico muito feliz com essa parceria e espero que ela continue. Acabamos de conseguir projeto da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde/OMS) sobre promoção de saúde e tabagismo com as professoras Margareth e Marilisa. Agradeço publicamente por essa oportunidade”.

Moises Goldbaum, docente do Departamento de Medicina Preventiva da USP, é coautor de capítulo sobre uso medicamentos. O professor destacou o trabalho de Lívia Helena Terra e Souza, sobre acesso e uso de serviços odontológicos, que recebeu menção honrosa no Prêmio Capes de Tese. “Acho isso extremamente importante para mostrar que o ISA está absolutamente consolidado, tanto em São Paulo quanto em Campinas. Esse prêmio e o lançamento do livro mostram que estamos no caminho correto. É uma brilhante iniciativa que vem servindo não só aos gestores e à sociedade, mas também à comunidade científica. As nossas repercussões se mostram em todos níveis”, declarou.

Sobre as organizadoras

Marilisa Berti de Azevedo Barros é professora titular da área de Epidemiologia do Departamento de Saúde Coletiva da FCM. Implantou e coordena o CCAS. Foi vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva - Abrasco (1994-1996).

Margareth Guimarães Lima é pesquisadora no CCAS e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da FCM. Atua principalmente nas linhas de pesquisa de Inquéritos de Saúde de Base Populacional e Doenças Crônicas Não-Transmissíveis.

"Retratos da saúde em Campinas" e outros títulos lançados recentemente por docentes da FCM. Foto: Péricles Lima/ARPI


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