Jornalistas científicos fazem palestras para alunos do primeiro ano de Medicina
Publicado por: Camila Delmondes
26 de agosto de 2016

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Os jornalistas científicos Carlos Henrique Fioravanti e Rodrigo de Oliveira Andrade estiveram na terça-feira (23) na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp ministrando as palestras A Molécula Mágica - A incrível história do P-Mapa e outras ousadias e Pimenta Bueno e A origem do câncer no início do século XX para os alunos do primeiro do curso de Medicina. A atividade faz parte da disciplina Introdução à Prática de Ciências (IPC), coordenada pela professora Fátima Sonatti.

“Carlos e Rodrigo são jornalistas com formação científica que utilizam uma linguagem que permite as pessoas compreenderem melhor as pesquisas. A ciência envolve diversos profissionais, e não apenas quem fica na bancada do laboratório produzindo dados. É muito mais amplo. É importante os alunos terem essa compreensão”, comentou Fátima.

De forma atrevida, porém amigável, o ex-aluno do Programa de Pós-Graduação em Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências da Unicamp indagou se há incentivo e espaço para a criação do talento na graduação e na pós-graduação. “Acho pouco, mas sem mudar nada, poderia ser mais animado e criativo”, sentenciou Fioravanti, autor da tese de doutorado Fungos, instituições, máquinas e pessoas em negociação = o percurso do fármaco P-Mapa, defendida em 2010 na Unicamp.

De acordo com Fioravanti, os avanços da ciência dependem das articulações. “Não adianta ficar isolado, fazer algo maravilhoso e não fazer barulho. À medida que vocês fizerem suas pesquisas, mandem para o máximo possível de pessoas. Não precisa esperar ir para o banco de teses da Unicamp. Só o valor intrínseco não é suficiente para as coisas avançarem”, recomendou o jornalista.

Para Rodrigo de Oliveria Andrade foi muito interessante falar sobre o panorama de estudos e teorias sobre a etiologia do câncer na virada do século XX para os alunos do primeiro ano do curso de Medicina da FCM.  A ideia era mostrar aos estudantes como os conceitos relacionados aos mecanismos da doença foram construídos e reinterpretados ao longo daquelas décadas e como esse conhecimento chegou ao Brasil por meio dos trabalhos do médico mineiro Alfredo Leal Pimenta Bueno.

“O conhecimento científico é construído de modo colaborativo, a partir de uma diversidade de atores que se encontram, se desencontram, se conectam e se movem em redes. A produção de conhecimento pode ser analisada por meio de abordagens mais amplas e coletivas”, reforçou o jornalista que se especializou em Divulgação Científica e Saúde pelo Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp e mestrado em História da Ciência pela PUC-SP.

Ainda de acordo com Rodrigo, raramente se questiona o mundo da ciência ou se expõem seus conflitos internos, dúvidas e incertezas. “Normalmente a ciência é enaltecida e apresentada em tom triunfalista, por meio de descobertas aparentemente revolucionárias, e os cientistas, vistos como seres altruístas. Essa visão simplista, a meu ver, baseia-se em uma concepção equivocada da ciência como um processo isento de incertezas, conflitos e interesses”, comentou.

O objetivo do IPC é ensinar os alunos a produzir e a consumir ciência, com uma atitude crítica e ativa sobre a produção do conhecimento. No segundo semestre, eles desenvolvem um projeto de pesquisa. Os trabalhos são apresentados em forma de mini-congresso no final do ano.

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