Na última sexta-feira (18), especialistas de 14 centros hospitalares do estado de São Paulo estiveram reunidos, em Campinas, para o jantar de lançamento do Centro de Doenças Tromboembólicas (CDT). Financiado pela Fapesp, com o apoio da Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia (SBTH), o programa será sediado no Hemocentro da Unicamp, sendo coordenado pela docente do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), Joyce Maria Annichino Bizzacchi.  "Nosso objetivo é preencher a lacuna da falta de dados sobre as ocorrências de trombose no Brasil, a partir do registro oficial dos casos em três importantes grupamentos: em adultos com quadro agudo da doença, em crianças hospitalizadas e em pacientes com câncer, com maior fator de risco para a ocorrência de eventos tromboembólicos”, explicou a docente.

Em sua primeira fase de implantação, o CDT conta com uma rede formada por 14 centros hospitalares vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS), localizados em Campinas, Botucatu, São José do Rio Preto, São Paulo, Barretos e Ribeirão Preto. A partir deles, o programa acompanhará 10 mil pacientes ao longo do estudo, por WhatsApp ou ligações telefônicas.  “Ter um centro voltado para a trombose é muito importante, pois podemos gerar dados inéditos para o Brasil, com definições de políticas públicas, atuação na educação de profissionais da saúde, dos pacientes e da população em geral. É uma rede de profissionais altamente qualificados, de diversas especialidades, associada às referências que são a Unicamp e a SBTH”, comentou a especialista.

Veja como foi.

A trombose venosa é uma doença caracterizada pela formação de trombos (coágulos) nas veias de qualquer parte do corpo, mas principalmente nas veias das pernas, e que pode evoluir para uma embolia pulmonar caso o trombo se movimente pela corrente sanguínea. É a terceira causa de óbito entre as enfermidades cardiovasculares e pode ser evitada na grande maioria dos casos. No Brasil, ainda não existem dados robustos sobre a sua ocorrência na população. Como consequência, as estratégias públicas para mitigação da doença no país são baseadas em estudos divulgados por outros países, que possuem perfis étnicos e socioeconômicos diferentes do brasileiro.

Dados da SBTH mostram, a cada ano, mais de 200 mil brasileiros acometidos por algum fenômeno trombótico, em que muitos desses eventos poderiam ter sido evitados. Apenas entre maio de 2021 e abril de 2022, perto de 80 mil pacientes estiveram internados nos serviços públicos em decorrência da trombose.

Estudos pilotos sobre trombose foram realizados em Campinas no Hospital de Clínicas, no Hospital da Mulher José Aristodemo Pinotti - Caism Unicamp, no Hemocentro da Unicamp, no Hospital Celso Pierro da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e no Hospital Dr. Domingos Boldrini. Na ocasião, foram avaliados 800 pacientes com câncer e cerca de 6 mil crianças internadas, mas, no caso de pessoas com trombose aguda, não foi possível dar sequência ao estudo devido à pandemia de Covid-19.

“Foram gerados dados bastante interessantes, porque não tínhamos nada do tipo no Brasil, mas a partir de agora, com o CDT, nós vamos avaliar um número muito maior de pacientes em um projeto multicêntrico, com a capital e várias cidades importantes do interior paulista, o que é muito mais relevante”, disse Joyce.

Com informações de Fernando Sant’Ana
Comunicação Corporativa - SBTH