Inclusão e espírito empreendedor são as marcas do Cepre, que comemorou 46 anos
Publicado por: Camila Delmondes
04 de junho de 2019

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O Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação Prof. Dr. Gabriel de Oliveira Porto (Cepre) comemorou 46 anos na quinta-feira (30) com o seminário A formação profissional para inclusão: Caminhos e desafios. O evento reuniu especialistas da Unicamp e do Brasil no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.

Gabriel Porto foi um médico otorrinolaringologista que esteve à frente da FCM desde o início da faculdade. Ele criou o Cepre, em 1973, já como um espaço assistencial multiprofissional e interdisciplinar para atender crianças cegas e surdas. Desde 1991, o Cepre conta com a participação de professores surdos e enfatiza o uso da língua de sinais (Libras) e método Braille no atendimento de crianças e seus familiares.

Inspirado pelo pioneirismo e legado deixado por Gabriel Porto, em 2001, o Cepre criou o curso de Fonoaudiologia e os cursos de Aprimoramento, que dão suporte ao Cepre nas áreas de ensino e pesquisa. Hoje, o Cepre atende em seus 27 ambulatórios cerca de duas mil pessoas por mês, via Sistema Único de Saúde (SUS), em procedimentos de média e alta complexidade nas áreas de surdez e deficiência visual.

“A inclusão e o espírito empreendedor têm sido as marcas do Cepre, que segue a sua história em favor das diferenças e na constituição das identidades de pessoas cegas e surdas, instituindo outros olhares em relação às demandas da sociedade. Seguimos nosso trabalho em fazer com que as pessoas que nos procuram se sintam melhores e mais felizes”, ressaltou Ivani Rodrigues Silva, coordenadora no Cepre, durante a mesa de abertura do evento.

A pediatra da FCM Maria Porto Zambon representou o diretor da faculdade, Luiz Carlos Zeferino, no evento. Neta de Gabriel Porto, Mariana relembrou do avô, de forma emotiva. Segundo ela, Gabriel Porto sempre gostava de festa e, com certeza, estaria feliz com a comemoração dos 46 anos do Cepre e com o legado que deixou.

“Dentro do Departamento de Otorrinolaringologia da FCM, que era pequeno, ele criou o Cepre. Na época, eu via a importância, a dedicação e o amor que ele sentia pelo Centro. Foi uma das grandes vitórias dele. Temos que ter a ousadia de criar, em tempos difíceis ou fáceis, o que não podemos é desanimar”, disse Mariana, com a voz embargada.

Participaram da mesa de abertura do evento a coordenadora do curso de graduação em Fonoaudiologia, Christiane Marques do Couto; a coordenadora do programa de pós-graduação em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação, Adriana Lia Friszman de Laplane e a chefe do Departamento de Desenvolvimento Humano e Reabilitação (DDHR) da FCM, Maria Francisca Colella dos Santos.

História da educação de surdos no Brasil



Solange Maria da Rocha, do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), do Rio de Janeiro, foi a primeira palestrante do dia. Ela abordou os aspectos da trajetória histórica da educação de surdos no Brasil. De acordo com Solange, é impossível falar de reabilitação de surdos ou de fonoaudiologia sem passar pelo INES.

“Alunos das escolas de surdos francesas vieram para a América no século XIX. O Instituto Nacional de Educação de Surdos foi criado em 1856 e, já em 1858, tinha 19 alunas surdas. A educação de surdos é uma área polêmica, como ilhas que não se comunicam. Precisamos construir pontes, ainda mais no momento inquietante em que passa a educação pública no Brasil”, alertou a pesquisadora que ainda vociferou para o público “vida longa à educação pública no Brasil”.



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