Formação e trabalho em tempos de crise permeiam 1º Encontro de Residentes Multiprofissionais de Campinas
Publicado por: Camila Delmondes
26 de junho de 2017

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Os residentes multiprofissionais são estudantes ou trabalhadores? “Ambos”, disse o advogado Rodrigo Romo, do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ao público que lotou o Auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, no início desse mês, durante o 1º Encontro de Residentes Multiprofissionais de Campinas.

O evento foi organizado pelo Coletivo de Residentes Multiprofissionais de Campinas (Colore) e o Centro de Educação dos Trabalhadores da Saúde (CETS), e teve como tema, a “Formação de residentes como trabalhadores do SUS: práticas em tempos de crise”. Participaram do encontro, tutores, preceptores, coordenadores e residentes multiprofissionais, de Campinas e região, além de estudantes de graduação e profissionais de saúde de diversas áreas.

Rodrigo, que também é pós-graduando em Direito Público na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), disse que a discussão sobre da interface estudo/trabalho pressupõe, o entendimento correto das diretrizes legais que conceituam o residente multiprofissional, o estudante e o trabalhador.

“Os residentes multiprofissionais são estudantes porque fazem um curso de pós-graduação, mas também são trabalhadores porque eles aplicam, na prática, aquilo que aprendem em sala de aula, executando tarefas que são próprias da profissão”, afirmou Rodrigo, lembrando, porém, ser necessário outro tipo de entendimento em relação àquilo que se compreende por trabalho e àquilo que se entende por emprego.

Resistir, transformar e criar
Durante o evento, o professor do Departamento de Saúde Coletiva da FCM Gastão Wagner de Sousa Campos falou sobre a cogestão e os espaços democráticos nos processos de formativos dos Programas de Residência Multiprofissional, e elogiou a organização do evento pelos estudantes.

“Acho que vocês captaram bem o espírito de uma parte da sociedade que não aceita mais uma exploração indefinida sobre todos nós”, disse Gastão, que também participou do evento como presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

Referência em sua área, Gastão explicou que o conceito de cogestão sintetiza esforços, sociais e políticos antigos, mas nem sempre concretizados, de democratização das instituições de modo geral.

“Falo sobre a possibilidade de uma democracia direta, de cotidiano, entre as relações de poder, e que é refletida nos espaços de trabalho e formação. A cogestão é uma concepção de direitos universais, que todo ser humano, independente da profissão ou hierarquia, tem direito à participação social”.

No campo da Saúde, Gastão sobre o automatismo da práxis profissional, afirmando que a subordinação aos protocolos e às chefias, nem sempre produzirá bons resultados, quer seja na saúde, na cura e prevenção das doenças; quer seja na educação e no aprendizado.

“Na área da saúde, nós trabalhamos com fenômenos complexos e muitas variáveis. A nossa prática tem que considerar a doença, o risco, a vulnerabilidade, o problema de saúde, a pessoa em si, com as suas relações familiares e pessoais, o contexto cultural e social de trabalho em que ela está inserida, o contexto institucional de saúde, se ela tem acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS) ou não. Isso faz com que seja necessário, durante o trabalho, modificar a ordem, o plano, a lei, o protocolo e o saber acumulado em função do contexto e da situação que está aplicada”.

Saiba mais

O 1º Encontro dos Residentes Multiprofissionais de Campinas teve como objetivo, discutir os diversos aspectos que envolvem a formação dos residentes multiprofissionais, dos diferentes programas e instituições, na realidade do SUS Campinas, pensando em ferramentas que possam pautar a construção da autonomia por parte dos residentes, além da ênfase na ampliação dos espaços democráticos como elemento constituinte na formação dos profissionais do SUS.

O encontro também teve como proposta, fomentar a Educação Permanente em espaços coletivos, contribuindo para a inclusão da dimensão política na formação dos Residentes atuantes no SUS. 



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