Estudo da Unicamp aponta tendência de queda na infecção pela hepatite B no Brasil
Publicado por: Camila Delmondes
01 de dezembro de 2015

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Estudo realizado na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp demonstra tendência de queda na infecção pelo vírus da hepatite B no Brasil a partir de 2007. Os dados foram apresentados na IX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo realizada no final de novembro em Florianópolis, Santa Catarina, e fazem parte do trabalho “Análise do impacto da vacinação contra hepatite B no número de casos confirmados no Brasil durante o período de 1996 a 2009” do médico residente da gastroenterologia clínica do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, Thiago Nunes Santos.

A pesquisa, inédita no Brasil, rendeu a Thiago o segundo lugar do prêmio Jovem Gastro. O prêmio foi criado pela Federação Brasileira de Gastroenterologia como incentivo à pesquisa e à integração de jovens residentes em gastroenterologia clínica e cirúrgica. A orientação do trabalho foi dos professores e médicos gastroenterologistas do Departamento de Clínica Médica da FCM, José Murilo R. Zeitune e Elza Cotrim Soares. Para a realização do estudo, Thiago contou também com a participação de Luciano Freiberger e Júlia Cardoso Vaz Dias, também médicos residentes da gastroenterologia clínica do HC da Unicamp.

A hepatite B é um problema de saúde pública no Brasil e no mundo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de dois bilhões de pessoas já tiveram contato com o vírus da hepatite B (VHB), dos quais 350 milhões estão cronicamente infectados. No Brasil, estima-se que pelo menos 15% da população já teve contato com o vírus da hepatite B e que 1% da população apresenta formas crônicas. O vírus da hepatite B é transmitido por via percutânea ou por exposição de mucosas a sangue ou líquidos biológicos altamente infectantes. A hepatite B pode levar a alterações no fígado, sendo a mais grave, o câncer.

Desde 1998, o Programa Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde, recomenda a vacinação das crianças menores de um ano contra hepatite B. A partir de 2001, a vacinação foi ampliada até os 19 anos e, atualmente, iniciou-se a imunização também para os adultos pertencentes aos grupos de risco, como portadores do vírus HIV, pacientes hepatopáticos ou em hemodiálise. A vacina tem uma cobertura de 90% a 95% dos casos e são necessárias três doses para a imunização.

O objetivo do estudo foi avaliar o impacto da vacina contra hepatite B no número de casos confirmados após o início do programa brasileiro de imunização. O pesquisador utilizou dados disponíveis na base de dados do próprio Ministério da Saúde. Foi analisado o número de casos confirmados de hepatite B por meio da detecção de marcadores sorológicos, incluindo as formas agudas e crônicas, durante o período de 1996 a 2009. Com estes dados, o autor calculou a incidência anual dos casos confirmados de hepatite B por 100 mil habitantes em cada região brasileira, na população total, nas faixas etárias de zero a 19 anos e em menores de um ano. Posteriormente, o pesquisador avaliou a cobertura da vacina contra hepatite B durante os mesmos períodos anteriores.

“Com a obrigatoriedade da notificação pelos hospitais dos casos de hepatite B a partir de 2003, observamos um aumento de casos de infecção, assim como o aumento das imunizações. Constatamos uma tendência de queda da hepatite B na faixa etária de 0 a 19 anos a partir de 2007 em todo o país. Na faixa etária de menores de um ano, notamos também tendência de queda nas regiões Centro-Oeste, Sul e Nordeste”, disse o médico residente Thiago, que afirmou ser necessário avaliar um período maior do impacto da vacinação na redução da hepatite B em todo o Brasil.

Para o professor José Murilo R. Zeitune, até hoje a vacina não teve impacto expressivo na incidência da doença. Segundo o gastroenterologista, o Ministério da Saúde dispende um enorme investimento com a vacinação contra a hepatite B, porém ele acredita que, no futuro, trará uma economia enorme ao país. “Quando você vacina as crianças contra a poliomielite, o resultado aparece rápido. No caso da hepatite B, demora um pouco mais. Precisamos também considerar este aspecto para termos certeza do impacto da vacinação em toda a população”, explicou Zeitune.

Os dados serão publicados em revista especializada e serão noticiados nos órgãos de divulgação da Federação Brasileira de Gastroenterologia.

Texto e fotos: Edimilson Montalti



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