CSI Unicamp: Toxicologista do CCI recebe prêmio por investigação do Caso Vera Cruz
Publicado por: Camila Delmondes
07 de outubro de 2015

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O especialista em toxicologia analítica do Centro de Controle de Intoxicações (CCI) da Unicamp, Rafael Lanaro, foi convidado pela Polícia Científica de Campinas para receber, juntamente com eles, a menção honrosa do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, pela atuação no Caso Vera Cruz. A cerimônia ocorreu no final de novembro no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.

O Caso Vera Cruz ficou conhecido no Brasil todo por causa da morte de três pessoas no dia 28 de janeiro após a realização de exames de ressonância magnética com uso do contraste no Hospital Vera Cruz. O laudo da Unicamp e do Instituto de Criminalística (IC) constatou o uso de perfluorocarbono na veia dos pacientes, o que causou embolia gasosa e parada cardiorrespiratória nos pacientes.

Entretanto, para se chegar a essa descoberta, foi necessário um trabalho típico de programa de investigação policial – um verdadeiro CSI Unicamp. Lanaro juntou toda a técnica e perspicácia da equipe do CCI e contou com a cooperação de outros centros de investigação forense do Estado de São Paulo, laboratórios do Instituto de Química da Unicamp e de outras universidades brasileiras para chegar à causa da morte.

Segundo Lanaro, que também é professor do curso de Farmácia da Unicamp, a hipótese do contraste foi descartada após vários testes. O que apareceu no decorrer da investigação foi que a substância havia sido diluída, mas não se sabia com o que. Após constatação anatomopatológica de que as mortes foram provocadas por embolia gasosa, várias outras substâncias foram testadas, sem sucesso, pela equipe do CCI.

Ao pressionar sobre mais informações, descobriu-se um pista vital: antes do exame de ressonância magnética nos pacientes, houve uma pesquisa de próstata no hospital e a substância usada nesse tipo de pesquisa é o perfluorocarbono. Com a apreensão da amostra do hospital, os investigadores do CCI fizeram testes, inéditos pela metodologia empregada, e confirmaram que a substância era a mesma que aparecia nos exames anatomopatológicos.

“O perfluorocarbono não é uma substância comum. Esse caso é o único na literatura mundial que tem comprovação científica”, disse Lanaro.

Essa comprovação levou os pesquisadores a escreverem o artigo “Mortes súbitas devido ao perfluorocarbono por injeção intravenosa acidental durante os exames de ressonância magnética de crânio”.  O artigo está sendo submetido para avaliação e publicação em uma revista específica da área forense.

“A parte mais gratificante é esclarecer o que realmente matou as pessoas e dar conforto às famílias. Hoje, é difícil cometer um crime e escondê-lo. Esse é nosso papel: trazer a verdade por meio da ciência e do trabalho em equipe”, disse.

Artigo: Lanaro R; De Capitani EM; Costa JL; Bucaretchi F; Togni L; Linden R; Barbosa F; Tessaro EP; Bataglion GA; Eberlin MN; Zappa JEB; Almeida LC; Miller JR; Kemp B. Sudden deaths due to perfluorocarbon intravenous accidental injection during MRI cranial exams.

Fotos: Edimilson Montalti e arquivo pessoal



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