Câncer de próstata: não espere pelos sintomas
Publicado por: Camila Delmondes
01 de dezembro de 2015

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Depois de um outubro inteiramente rosa – marcado pela campanha de prevenção ao câncer de mama – chega o Novembro Azul, dedicado à saúde do homem e em comemoração ao Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, celebrado no dia 17. Para o urologista Ubirajara Ferreira, professor titular do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, os exames de PSA e toque retal continuam a ser os exames indicados para detectar e tratar a doença. “Se o médico não faz esses exames, como ele poderá fazer o diagnóstico da doença curável? Caso contrário, boa parte dos homens vai morrer de câncer de próstata pelo fato de o diagnóstico ser tardio. Isso é sabido”, afirma.

O câncer de próstata foi a segunda causa de morte por neoplasia em Campinas em 2011 e 2012. Dados do Boletim “Mortalidade por Câncer de Próstata”, editado pelo Centro Colaborador em Análise de Situação de Saúde (CCAS), da FCM, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Campinas – divulgado na última semana – revelam que a doença respondeu por 10,6% dos óbitos por câncer entre os homens, no município.

Mesmo não havendo uma política de rastreamento da doença pelo Ministério da Saúde (MS) e pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), a publicação também mostrou, por meio de um inquérito de saúde de base populacional realizado em 2008 (ISACamp), que ao menos 65,6% dos homens na faixa de idade entre 50 e 59 anos, moradores de Campinas, já haviam realizado pelo menos um exame de PSA na vida, e 46,1% haviam feito o exame de toque retal.

“Não recomendar a realização de exames preventivos de câncer de próstata é uma decisão político-econômica, muito mais baseada na racionalização de custos, do que simplesmente na ausência de estudos conclusivos, ou no desconforto sofrido por alguns pacientes durante ou após o tratamento”, critica Ubirajara, em relação à ausência de uma política de rastreamento populacional pelo MS e INCA. “Ao contrário das mulheres, os homens se sentem aliviados quando a recomendação médica é, justamente, não faça exames. Esse é o ponto. Na visão pragmática do MS, se alguém precisa ficar sem atendimento, que seja o homem”, completou.

Para Ubirajara, o ideal é continuar a fazer mais diagnósticos, identificar mais pacientes e diferenciar – os indivíduos que podem ser acompanhados e que não precisam de tratamento imediato – daqueles que devem ser submetidos a algum tipo de intervenção. “Quando se lida com o câncer é melhor pecar por excesso! Aqui no ambulatório existe um número grande de pacientes com câncer de próstata que continuam realizando PSA, toque retal e, eventualmente, biópsia prostática, no decorrer dos anos, como forma de acompanhamento”.

Ele esclarece que nem todos os indivíduos diagnosticados com câncer de próstata irão morrer da doença. “Boa parte dos pacientes diagnosticados apresenta a doença em seu curso indolente (que evolui de forma lenta e progressiva) e, não necessariamente, desenvolve a forma mais agressiva do tumor”. Parte daí, segundo ele, uma das justificativas para a realização dos exames preventivos, uma vez que os sintomas da doença são “totalmente inespecíficos”.

“O que não pode é deixar de fazer o diagnóstico e esperar que a doença avance até apresentar sintomas”, afirma. De acordo com Ubirajara, estudos realizados na Unicamp, inclusive, já demonstraram que cerca de 40% dos pacientes nessa situação terão, pelo menos, a doença localmente avançada, e que muitos destes não conseguirão ser curados. “Na ausência de avaliação periódica como preconizam o MS e o INCA, e só avaliá-los quando apresentam sintomas, é condenar um grande percentual de homens a um tratamento sem efeito curativo”, finalizou.

Texto - Camila Delmondes - ARP - FCM/Unicamp



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