Artigo: A Educação Médica em avatar e o nosso caminho na implementação de carreira docente em Ensino
Publicado por: Camila Delmondes
21 de setembro de 2020

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Neste momento em que a comunidade da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp discute uma proposta de carreira docente com área de concentração em ensino ocorreu, entre os dias 7 e 9 de setembro, o maior evento mundial de educação médica: o Congresso Europeu de Educação Médica (AMEE). Com mais de 3.900 inscritos,entre eles os três coordenadores de ensino do Curso de Medicina FCMo congresso, que teria sido realizado em Glasgow-UK, foi realizado de forma completamente virtual pelo advento da Pandemia de Covid-19.

Para a participação, todos os inscritos fizeram seu avatar personalizado e passearam pelas salas de conferências, lobby, áreas de networking, estandes e exibição de pôsteres. Havia fila para a entrada nas salas, escolha de lugar para sentar-se, identificação por “cards” e possível comunicação com quem estava ao seu redor. Assim, em pouco tempo a sensação de atividade presencial era real e a participação dos congressistas ativa.

O Congresso foi dividido em quatro grandes eixos: Teaching and Learning, Best Evidence on Medical Education, Faculty Development, Continued Professional Development and Student Engagement.

Nestes eixos foram discutidos extensivamente ações e soluções em educação frente a Pandemia, incorporação de novas tecnologias, gamificação do ensino, simulação, atividades práticas remotas e avaliação, inclusive de habilidades práticas, em ensino remoto.

São evidentes os impactos na educação da reestruturação radical do sistema de saúde de todo o mundo frente às novas necessidades da população, a importância de ações de sustentabilidade do sistema de saúde tendo como ferramenta o ensino e outras inúmeras lições que a pandemia nos ensinou.

Ouso dizer que nossos problemas foram semelhantes, mas que nossas soluções, com a colaboração de toda a comunidade, amenizou os impactos negativos muito mais que em outros relatos de instituições e instrumentalizou a construção de novos caminhos para o ensino em nossa instituição.

Outro eixo muito importante foi a discussão do desenvolvimento contínuo institucional. Um dos tópicos abordados foi o engajamento estudantil qualificado e participativo. O projeto “Educadores do Amanhã Unicamp” realizado em nossa instituição com o objetivode desenvolvimento estudantil em educação médica teve um papel de destaque no congresso, com a participação na sessão Faculty Development 2020. A iniciativa foi apontada como umaimportante e inovadora estratégia para a sustentabilidade do desenvolvimento docente. O projeto também esteve presente em comunicações orais assim como em pôsteres.

O “Educadores do Amanhã Unicamp” é considerado, por nós, como uma força motriz para a contínua demanda por formação docente, desenvolvimento curricular e aprimoramento do curso tendo o discente como um parceiro institucional eagente na construção das mudanças.

Na área de desenvolvimento docente, novamente, os problemas são comuns a todos: sobrecarga docente, dificuldades de engajamento, na implementação de umapolítica institucional de promoção de desenvolvimento em ensino e na montagem de uma estrutura de desenvolvimento contínuo em ensino dentro da instituição.

Aqui me permito observar a importância da discussão em nossa comunidade da definição do que é uma carreira com área de concentração em ensino para a FCM. Este passo será fundamental, tanto para a ciência dos docentes do que é esperado deles neste caminho, assim como, para promover e dar sustentabilidade ao desenvolvimento docente e institucional.

A FCM já é, por sua história, uma referência nacional em inovação em ensino, desenvolvimento curricular e foi vanguarda em sua reforma curricular, que, em poucos anos, fará aniversário de duas décadas.

Os modelos utilizados até então para contratação docente e progressão na carreira passam majoritariamente pelas métricas da pesquisa e de atividades de pós graduação. Com certeza, a chamada “geração qualidade” impulsionou a Unicamp para o lugar de destaque que ocupa hoje no cenário nacional e internacional.

Entretanto este modelo não pode engessar todas as formas de atuar dentro da universidade,cabem muitos saberes, muitos caminhos e diferentes métricas. Não é uma questão de fazer ciência ou fazer ensino, apenas de duas ciências diferentes e complementares e que ambas são papel social da Universidade.

A educação em saúde é uma área da ciência extremamente desenvolvida com produção robusta de conhecimento novo, incontáveis publicações e revistas indexadas, relevantes e de alto impacto.

É extremamente oportuna a possibilidade disponibilizada pela gestão da FCM em consolidar este perfil e novamente ser vanguarda no país e mesmo dentro de nossa Universidade. Cabe a nós, comunidade FCM, agora discutir, contribuir e implementar este perfil.  É preciso estabelecer novas métricas para favorecer o caminho da ciência do ensino em saúde que certamente trará o desenvolvimento institucional ainda maior acompanhado da excelência em ensino. Afinal, como sustentar a manutenção da Universidade, de seus professores e da ciência a longo prazo por outro caminho que não o do ensino?


Joana Fróes Bragança Bastos, coordenadora do curso de graduação em Medicina da FCM

 



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