Alunos voltam a ter aulas na Santa Casa, local onde a Faculdade de Medicina começou
Publicado por: Camila Delmondes
09 de fevereiro de 2017

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Após mais de 50 anos, a primeira turma de alunos do quarto ano do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp iniciou, na quarta-feira (8), aulas dentro do Centro de Tratamento de Queimaduras (CTQ), localizado na Santa Casa de Misericórdia de Campinas.

A Faculdade de Medicina foi criada em 1963 e começou a funcionar no prédio inacabado da Maternidade de Campinas. Em 1965, firmou acordo com a Santa Casa de Misericórdia de Campinas e para lá se transferiu, onde permaneceu até 1985. No ano de 1986, já com o nome de Faculdade de Ciências Médicas (FCM), mudou-se para o campus da Unicamp.

Até outubro, todos os 123 alunos do quarto ano do curso de Medicina irão passar pelo no CTQ. De acordo com o coordenador do internato médico da FCM, Gustavo Pereira Fraga, as aulas fazem parte do submódulo da cirurgia do trauma dentro da disciplina Atenção Clínico-Cirúrgica Integrada 1, denominada MD752.

“Queimadura também é trauma. O Departamento de Cirurgia é favorável à Unicamp ter mais hospitais de treinamento. Desde 2014, existia um desejo da diretoria da FCM de que os alunos passassem, novamente, pela Santa Casa”, revelou Fraga.

O médico Flávio Nadruz Novaes, responsável pelo CQT, disse que pode parecer saudosismo das turmas mais antigas da FCM relembrar sempre a história da criação do curso – Flávio foi aluno da 9ª Turma de Medicina – mas que para média complexidade, a Santa Casa pode ser um excelente local de estágio para os alunos.

“O CQT tem 11 quartos e 12 leitos e só atende pacientes encaminhados pela Central Reguladora. O maior agente causador de queimaduras é o térmico. Na prática, os alunos visitam o Centro Cirúrgico, conhecem a rotina de trabalho e aprendem a cuidar do paciente”, disse Flávio.

Julian Furtado Silva disse que “a gente passa a fazer parte da história quando começa a entender onde tudo começou”. Para ela, não há na graduação muitos temas relacionados a queimados e reivindica ter mais contato com os pacientes e atuar no Centro Cirúrgico do CQT.

Para Lukas Costa Salles, o que chamou a atenção foi a infraestrutura. “Notei que tudo foi feito para o conforto do paciente e proteção contra bioinfecção”, disse Lukas. Ele espera voltar nas férias para aprender mais. “Desde que estou na Liga do Trauma, vi só uma queimadura na mão no Hospital de Clínicas da Unicamp”, comentou.

“Se o Pronto-Socorro recebe uma criança queimada, é preciso saber o que fazer. Infelizmente, são poucos que sabem. Entretanto, esse quadro está mudando e queremos que os alunos da Unicamp aprendam logo cedo como lidar com esses pacientes”, confidenciou Fraga.

A primeira turma a participar da aula foi presenteada com um passeio pelos locais da Santa Casa, acompanhados pelo médico Flávio Novaes e Gustavo Fraga. Com uma memória prodigiosa, Novaes foi mostrando aos alunos onde ficavam as famosas jabuticabeira e jaqueira – onde as turmas tinham aula – e detalhes da construção do prédio, além de outras histórias.

A visita terminou com uma foto nas escadarias da famosa capela da Santa de Misericórdia de Campinas, construída em 1871, local tradicional de foto de formatura de dezenas de turmas que passaram pela FCM e pelo próprio prédio, que acolheu tantos médicos que se formaram pela Unicamp.

Centro de Tratamento de Queimaduras

O Centro de Tratamento de Queimaduras (CTQ) foi construído em parceria com organizações da região, anexo à Santa Casa de Misericórdia de Campinas. São 12 leitos de internação dos quais dois exclusivos à pacientes críticos. Possui centro cirúrgico próprio, salas de conforto à equipe, copa, sala de TI, sala de telemedicina, sala de reunião, administração e biblioteca. A capacidade média de atendimento é de cerca de 130 ocorrências ambulatoriais e 30 internações de pacientes por mês. A instalação de uma unidade para tratar vítimas de queimaduras em Campinas é estratégica em razão da cidade contar com densidade demográfica e população móvel elevadas.

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