Permear questões éticas e o uso das mídias sociais foi a tônica do painel “Mídias sociais e o estudante de medicina” que aconteceu ontem (20), durante o 11º Congresso Paulista de Educação Médica (CPEM) realizado na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. “Nosso objetivo foi chamar à atenção da universidade quanto às repercussões éticas e profissionais tanto no ensino, quanto nas atividades assistenciais”, disse o coordenador médico-residente da ABEM-SP, Eduardo Hiroshi Tikasawa, mediador da discussão que contou com a presença do reitor da Unicamp, Marcelo Knobel.

“Nos últimos cinco anos, apesar das poucas pesquisas sobre esse tema, temos observado muitas publicações eclodirem nas redes sociais envolvendo a exposição da relação profissional médico-paciente. Essas publicações, cada vez mais, têm sido pauta de discussão nos conselhos regionais de medicina”, observou Tikasawa.

Para Marcelo Knobel, reitor da Unicamp, as mídias sociais ainda são um recurso pouco explorado pela comunidade científica e que poderia impulsionar as ações de divulgação científica. “Existem algumas iniciativas interessantes, mas muitas coisas estão em inglês. Nosso papel enquanto pesquisadores é mudar essa situação. O desafio é pensar em novas formas de linguagem que possam atingir outros públicos”, disse.

O médico do Hospital São Paulo e presidente da Associação dos Médicos Residentes da Escola Paulista de Medicina, Davi Jing Jue Liu, apresentou diversas situações publicadas nas redes sociais envolvendo médicos e pacientes, com o objetivo de esclarecer dúvidas dos participantes quanto ao uso das novas tecnologias de comunicação em consonância com o código da ética profissional.

“Toda a conduta dos médicos nas redes sociais precisa ter como base o Código de Etica Médica. É ele quem dá o norte. O juramento de Hipócrates é claro ao afirmar ser possível desfrutar das honrarias entre os homens, mas que qualquer transgressão será possível de punição. É claro que existem muitas possibilidades de uso das redes sociais, no entanto, algumas publicações são infrações éticas gritantes. É possível conciliar as boas práticas da profissão com as novas ferramentas de comunicação [...] esse caminho passa pela regulamentação”, afirmou Liu.

O painel também contou com as contribuições do coordenador médico-residente da ABEM-RJ, Leandro Odone Bertelli; do médico Giovanni Presente, da Unesp; do estudante de medicina da Faculdade de Medicina de Marília (Famema), Pedro Teodoro Calstron; e do representante da Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina (DENEM).

11º CPEM

Com o tema "Ética e profissionalismo" o 11º Congresso Paulista de Educação Médica é organizado pela Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM), Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp e Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). O evento conta com o patrocínio da Csanmek Tecnologia e tem o apoio da Sanasa e Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas.

O encontro científico acontece de 19 a 21 de abril de 2018, no município de Campinas, interior de São Paulo, com o objetivo de promover a discussão e a construção coletiva de temas atuais e de interesse de escolas médicas, profissionais e gestores da Saúde.

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