Thomas Maack, do exílio ao Programa Professor Visitante
Publicado por: Camila Delmondes
01 de dezembro de 2015

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O médico Thomas Maack, da Weill Cornell Medical College de Nova York, Estados Unidos, é o mais novo contemplado com uma bolsa no âmbito do Programa de Professor Especialista Visitante (PPEV), projeto da pró-reitoria de Graduação da Unicamp. Especialista em educação médica, Maack dará aulas de fisiopatologia, etiopatogênese, fisiologia de órgãos e sistemas e nefrologia no curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Ele também auxiliará na avaliação curricular do curso, na implantação do programa médico-pesquisador e fará palestras e workshops sobre educação médica e avaliação.

Para o coordenador de graduação em Medicina da FCM da Unicamp, Wilson Nadruz Junior, é uma honra ter Maack durante cinco meses na faculdade. No ano passado, Maack participou como consultor externo da avaliação do curso de medicina. Nadruz ressalta que a experiência de Maack poderá contribuir para a reavaliação da estrutura curricular do curso médico. “A filosofia de ensino muda e temos que nos adequar. Maack é uma figura inspiradora por ser um baluarte do ensino básico de medicina nos Estados Unidos e no mundo e pela sua história de vida”, disse Nadruz.

De acordo com Maack, suas prioridades serão duas: orientar a reavaliação do currículo de graduação do curso de Medicina e auxiliar na implantação do programa médico-pesquisador. O objetivo do programa médico-pesquisador é motivar o aluno a seguir a carreira acadêmica, encurtando o caminho entre a graduação e a pós-graduação. Serão oferecidas de duas a quatro vagas anuais para alunos do sexto ou oitavo semestres. Eles poderão interromper a graduação para fazer mestrado ou doutorado. No Brasil, apenas a Universidade Federal do Rio de Janeiro tem esta modalidade. A FCM será a segunda faculdade de medicina do país a implantar o programa de médico-pesquisador.

“Os Estados Unidos formam 500 médicos-pesquisadores por ano. A atividade científica que um estudante de medicina podefazer é muito limitada por causa da grade curricular do curso médico. São seis anos de curso e mais quatro de residência. Quando ele resolve ser cientista, a idade já não o favorece em virtude de compromissos profissionais e pessoais. E quando ele resolve fazer o doutorado, não o faz em período integral. Isso se evita com o programa médico-pesquisador”, explicou Maack.

Segundo o professor José Antonio Rocha Gontijo, ex-diretor da FCM e responsável pela elaboração do projeto médico-pesquisador, juntamente com Lício Velloso, esta modalidade é para poucos. “Vamos ter que identificar na graduação o aluno que tem esse perfil. Ele terá que se esforçar muito mais, pois vai tocar um curso de graduação e pós-graduação ao mesmo tempo”, disse Gontijo.

 

Sobre Thomas Maack

Nascido na Alemanha, Maack veio para o Brasil com um ano de idade. Estudou medicina na USP e foi avaliador do vestibular da primeira turma de medicina da Unicamp, em 1963. No final de 1964, período da ditadura no Brasil, ficou preso por quatro meses no navio-prisão Raul Soares. Pediu asilo político nos Estados Unidos e fez sua carreira por lá. Casado com uma brasileira de Ituiutaba, Minas Gerais, em 1979, com a Lei da Anistia, voltou ao Brasil e passou a ser convidado para realizar atividades como professor visitante em universidades públicas brasileiras. Foi consultor da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC), em 1999 e 2001. De 1998 a 2001, participou da reforma curricular em cursos de Medicina, inclusive o da Unicamp que completa, em 2011, dez anos.



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