Professor da FCM relata experiência de grupo no Projeto Rondon
Publicado por: Camila Delmondes
01 de dezembro de 2015

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Sexta-feira, sete horas da noite de um céu estrelado. Lona, datashow e caixas de som são colocados na praça da cidade de Iranduba, município do tamanho do Estado de Santa Catarina com 40 mil habitantes e distante cerca 40 minutos de barco de Manaus, Amazonas. Mais de 500 pessoas esperam para assistir um desenho animado. Ao começar a projeção, os olhos das crianças brilham. Nunca tinham visto nada igual. A fama correu os arredores. Essa história é um dos relatos do grupo de 10 alunos coordenado pelo professor Rodrigo Catarino, do curso de Farmácia da Unicamp, que participou do Projeto Rondon deste ano.

Foram 20 dias ensinando como construir uma cisterna e cuidar de uma horta, como tratar a água com cloro ou como usar simplesmente as ferramentas do programa Excell. Os alunos também falaram para a comunidade local, em sua maioria de etnia indígena, sobre doenças sexualmente transmissíveis e planejamento familiar. As jovens começavam a engravidar aos 12 anos de idade e com 25 já tem até cinco filhos. “A população tinha carência afetiva e de saber. A visão social e assistencialista que o Projeto Rondon proporciona aos universitários é muito grande. Você consegue ver as necessidades da população e entender o Sistema Único de Saúde (SUS)”, comentou Catarino.

Uma das experiências mais gratificantes relatadas pelo professor do Departamento de Patologia Clínica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp foi a palestra sobre uso racional de medicamentos a uma tribo indígena. O grupo foi recebido pelo pajé que na aldeia tem a função de médico, enfermeiro, fisioterapeuta e farmacêutico. Os índios fazem o uso de fitoterápicos extraídos da floresta Amazônica, mas usam, também, remédios sintéticos fornecidos pela FUNAI. A sabedoria indígena, passada de geração em geração, deixou todos atônitos.

“Cientificamente, eles não sabem por que ocorre a cura. Mas sabem o que usar para determinada patologia, como e por quanto tempo. Falta bioexplorar essa sabedoria, desenvolver pesquisas, sintetizar as moléculas e fazer testes em pacientes. Não é a troca do ouro pelo espelho, mas a comprovação de uma sabedoria milenar pela ciência”, comentou Catarino, que pretende voltar ao Amazonas em outras expedições.

Ao final do período do Rondon, os alunos davam autógrafos na rua da cidade. Muitos perguntavam como era São Paulo e a Unicamp. O subtenente do batalham do Exército designado para ser o “anjo” da turma virá para Campinas em breve e trará seu filho para conhecer a Universidade. Os laços de amizade entre os participantes do Rondon se mantém. E com a comunidade de Iranduba, também. A forma mais rápida de contato é por telefone. Por e-mail, leva-se meses para receber a resposta.

“O que para nós é comum para eles é restrito. A participação no Rondon vale mais que uma viagem internacional ou a participação em um congresso científico. É uma forma de devolver para sociedade aquilo que recebemos e aprendemos. É ínfimo o que fazemos perto daquilo que recebemos de volta”, disse.

Veja VIDEO de encerramento do projeto peixe-boi com mais imagens do grupo no Projeto Rondon.

Texto: Edimilson Montalti – ARP-FCM/UNICAMP

Fotos e vídeo – Arquivo pessoal



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