Erros adversos são evitáveis
Publicado por: Camila Delmondes
01 de dezembro de 2015

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Antonio Capone Neto, médico do centro de terapia intensiva de adultos do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, ministra um curso sobre segurança do paciente e dá aulas na graduação e pós-graduação da área de cirurgia do trauma da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp até o final de dezembro. O convite foi feito pelo chefe da disciplina do trauma da FCM, Gustava Pereira Fraga. A vinda de Capone para Unicamp acontece por meio do Programa Professor Especialista Visitante em Graduação, coordenado pela Pró-Reitoria de Graduação da Unicamp. 

A primeira aula, com mais de 90 inscritos e transmitida pela Rede Universitária de Telemedicina (RUTE) para outros centros do Brasil e via internet, aconteceu na tarde de quarta-feira (29), diretamente da sala de telemedicina do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp.

A segurança do paciente é uma questão que assumiu importância a partir do ano 2000 nos Estados Unidos. Eles começaram a perceber que muitos pacientes morriam por complicações no tratamento e não pela doença em si. Hoje, estima-se que morram naquele país entre 50 a 100 mil pacientes por erros adversos. No Brasil, segundo Capone, não existem dados sobre erros adversos.

“Sempre existiu uma preocupação dos profissionais da saúde sobre adventos adversos em pacientes, mas isto nunca foi regulamentado, formalizado, estruturado e organizado”, disse Capone.

Segundo Capone, calcula-se que de cada cinco aplicações de medicação, pelo menos uma pode ser ministrada na dose errada, com medicamento errado, no momento errado ou no paciente errado.  Às vezes, o evento não lesa o paciente, mas em outras pode causar a morte. Dos erros que acontecem, estima-se que de 50% a 90% são evitáveis. E o erro não é pessoal.

“O erro não é uma coisa pessoal, mas sim do processo como um todo. Se tenho um sistema de prescrição médica e várias pessoas olhando para a prescrição, por exemplo, você consegue levar esses erros para zero”, disse.

Mas para isso, alerta Capone, é necessário mudar toda a cultura médica e o modelo mental de formação acadêmica. Não há necessidade de criar-se uma disciplina para ensinar segurança na graduação. A segurança permeia a atividade de saúde como um todo, do ambulatório, centro cirúrgico, UTI à enfermaria e perpassa todos os profissionais envolvidos no cuidado do paciente.

Segundo Capone, o impacto que a segurança tem é muito grande, por isso a necessidade de envolver todos os profissionais. É muito fácil demitir um empregado que deu uma medicação errado. Mas se você mantiver o mesmo processo, o próximo profissional contratado tem chance de fazer tudo igual e cometer o mesmo erro.

“Uma das primeiras coisas da cultura de segurança é de não culpar alguém. A pessoa que se envolveu no erro deve ser revista e retreinada, mas ela não trabalha sozinha. Se ela trabalha dentro de uma equipe e isso aconteceu, temos que ter um olhar sistêmico, organizacional. Sistemas eficientes de segurança tem o envolvimento de todos, a vontade de colaborar e a percepção de que aquilo não vai prejudicar o funcionário; o objetivo maior é o paciente”, disse Capone.

Antonio Capone Neto possui graduação em medicina e mestrado e doutorado pela Unicamp. É especialista em administração hospitalar pela Fundação Getúlio Vargas. Foi professor associado visitante do Departamento de Medicina Intensiva da Universidade de Toronto, Canadá. Atualmente, é coordenador médico do Centro de Terapia Intensiva do Hospital Israelita Albert Einstein. Tem experiência na área de medicina, com ênfase em medicina intensiva, atuando principalmente nos seguintes temas: choque hemorrágico, trauma cranioencefálico, reposição volêmica, reanimação e hipotermia.

Quem quiser participar do curso, poderá se inscrever para assistir pela internet. 

Texto e fotos: Edimilson Montalti - ARP-FCM/Unicamp



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