Introdução: A perda auditiva sensorioneural severa a profunda impacta o desenvolvimento cognitivo, motor e social das crianças, sendo o implante coclear (IC) uma intervenção eficaz para restaurar a audição e melhorar a qualidade de vida, facilitando a inclusão escolar e social. No entanto, o IC pode afetar o sistema vestibular, responsável pelo equilíbrio e orientação espacial, devido à proximidade anatômica entre a cóclea e as estruturas vestibulares. Essas alterações podem gerar dificuldades motoras, quedas frequentes e prejuízos no desenvolvimento neuropsicomotor. As disfunções vestibulares são comuns em crianças com perda auditiva severa, podendo se agravar após o IC, com variações nos resultados dependendo da idade da criança, tipo de implante e tempo de seguimento. A avaliação vestibular antes e após o procedimento, junto com a reabilitação, é essencial para monitorar e tratar esses déficits, promovendo a recuperação das funções vestibulares. Objetivos: Diante da relevância do tema e da heterogeneidade dos achados na literatura, este trabalho tem como objetivo analisar, de forma sistemática, as alterações vestibulares em crianças submetidas ao implante coclear, por meio de exames pré e pós-operatórios.. Métodos: A metodologia utilizada é a revisão sistemática da literatura sobre os efeitos do implante coclear bilateral na função vestibular de pacientes menores de 18 anos. A busca foi realizada em várias bases de dados, incluindo MEDLINE/PubMed, Scopus, e Cochrane Library, com critérios específicos para a seleção de estudos que avaliassem a função vestibular pré e pós-implante, utilizando testes como VEMP e HIT. A análise dos dados incluiu uma metanálise, utilizando o software R para calcular estimativas de efeito e gerar gráficos (forest plots), considerando a heterogeneidade entre os estudos. O objetivo foi fornecer uma visão abrangente e confiável sobre os impactos do implante coclear bilateral na função vestibular em crianças e adolescentes. Resultados: A revisão sistemática analisou os efeitos do implante coclear bilateral na função vestibular em crianças, com 09 estudos selecionados entre 2009 e 2021. Os resultados indicaram que, embora o implante coclear seja eficaz na restauração auditiva, ele pode afetar negativamente o sistema vestibular, especialmente em termos de equilíbrio e desenvolvimento motor. A metanálise de 5 estudos revelou que a proporção de alterações no cVEMP aumentou significativamente de 27 antes para 69 após o implante, com grande variabilidade entre os estudos. A heterogeneidade alta nos resultados, indicada pelos testes Q e I², destaca a necessidade de cautela na interpretação e a importância de mais pesquisas para entender completamente os impactos do IC na função vestibular. Conclusões: A implantação coclear (IC) é eficaz na restauração auditiva, mas pode causar impactos negativos na função vestibular das crianças, com disfunções variando conforme fatores como técnica cirúrgica, idade e condições vestibulares pré-existentes. Testes vestibulares, como cVEMP e provas calóricas, frequentemente revelam anormalidades nos órgãos otolíticos, evidenciando a necessidade de monitoramento contínuo. A realização de avaliações vestibulares antes e após o implante é essencial para detectar precocemente disfunções e apoiar a reabilitação. No entanto, a variabilidade nos resultados e a diversidade metodológica indicam a necessidade de mais estudos longitudinais e protocolos padronizados para entender melhor os efeitos a longo prazo.
Palavras-Chave: Avaliação vestibular; desordens vestibulares; equilíbrio; implante coclear; tontura; vertigem.
