No diabetes mellitus tipo 2 (DM2), a redução na massa e função das células β pancreáticas, juntamente com a resistência à insulina, compromete a secreção de insulina, contribuindo diretamente para a progressão da doença. Um dos principais reflexos desse quadro é a dislipidemia diabética, que envolve alterações na composição e funcionalidade das lipoproteínas, particularmente da lipoproteína de alta densidade (HDL) e da lipoproteína de baixa densidade (LDL). No DM2, o HDL torna-se disfuncional, perdendo suas propriedades protetoras, enquanto o metabolismo do LDL é alterado, aumentando seu potencial aterogênico e, consequentemente, o risco cardiovascular. Nesse cenário, a redução dos níveis de LDL e a melhoria na funcionalidade do HDL são estratégias centrais no manejo das complicações cardiovasculares associadas ao DM2. Inibidores da pró-proteína convertase subtilisina/kexina tipo 9 (iPCSK9), como o evolocumabe, são eficazes na redução do LDL em até 50-60 , enquanto inibidores do co-transportador sódio-glicose 2 (iSGLT2), como a empagliflozina, demonstram benefícios na redução de eventos cardiovasculares e mortalidade em pacientes com DM2. Este estudo teve como objetivo investigar se a combinação de evolocumabe com empagliflozina influenciou na concentração plasmática das subfrações de HDL e LDL, em comparação ao uso de empagliflozina isoladamente. Foi realizada uma análise post-hoc pré-especificada do estudo EXCEED-BHS3, que envolveu 110 participantes randomizados para empagliflozina (E) ou empagliflozina mais evolocumab (EE). Utilizando ultracentrifugação por gradiente de densidade, foram separadas cinco subfrações de HDL (2b, 2a, 3a, 3b e 3c) e cinco subfrações de LDL (LDL1, LDL2, LDL3, LDL4 e LDL5). O colesterol foi dosado em todas as frações, e o lipidoma foi realizado com as amostras de LDL total. Ambos os tratamentos aumentaram modestamente o HDL. O conteúdo de colesterol apresentou elevação nas subespécies de HDL 2a (7,3 ), 3a (7,2 ) e 3c (15 ) no grupo E, quando comparado ao momento da randomização. No grupo EE, o aumento foi observado em 3a (9,3 ), 3b (16 ) e 3c (25 ). Comparando os dois grupos, as elevações de HDL 3b e 3c foram significativamente maiores no grupo EE (p<0,05). Em relação ao LDL, o grupo EE teve concentrações significativamente menores de todas as cinco subfrações de LDL em comparação com o grupo E. Dentro dos grupos, o grupo E teve uma redução de 12,4 no colesterol da subfração LDL5, enquanto o grupo EE apresentou reduções significativas em todas as subfrações de LDL, variando de 45,9 a 67,3 . O aumento em partículas de HDL de tamanho menor foi heterogêneo entre as combinações de tratamento.