Qualificações e defesas - Detalhes


TRANSTORNO DISFÓRICO PRÉ-MENSTRUAL: ESTUDO DE PREVALÊNCIA E REVISÃO SISTEMÁTICA DE TRATAMENTOS


Candidato(a): Roberto Carmignani Verdade
Orientador(a): Adriana Orcesi Pedro Campana

Apresentação de Defesa

Curso: Tocoginecologia
Local: Sala Amarela - Pós-graduação
Data: 24/02/2025 - 09:00
Banca avaliadora
Titulares
Adriana Orcesi Pedro Campana
Carmita Helena Najjar Abdo
Lucia Helena Simoes Da Costa Paiva
Suplentes
Renata Cruz Soares De Azevedo
Maria Celeste Osorio Wender

Resumo



Os sintomas pré-menstruais podem se manifestar a qualquer momento após a menarca e impactar significativamente a qualidade de vida da mulher, afetando sua saúde mental, relações pessoais e trabalho, principalmente nos casos mais graves.

Foram realizados dois estudos, um para estimar a prevalência do Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM) em uma amostra da população brasileira, assim como estimar a intensidade dos sintomas por faixa etária e realizar uma análise de correlação entre sintomas psicoemocionais e somáticos; o outro foi uma revisão sistemática sobre os principais tratamentos disponíveis para TDPM e Síndrome Pré-Menstrual (SPM).

Para análise da prevalência, foi realizado um estudo transversal, por meio de um questionário autorrelatado, oferecido para 56,948 mulheres que se consultaram em clínicas privadas, das quais 49.049 tinham idades entre 20 e 49 anos. Um total de 1.614 mulheres experimentavam sintomas de TDPM, com uma prevalência encontrada de 3,57 , IC (95 ) = [3,40–3,75]. Os sintomas psicoemocionais foram mais prevalentes que os sintomas somáticos, sendo ansiedade e tensão (99,9 ) e irritabilidade e raiva (99,8 ) os mais prevalentes. Ganho de peso (92,5 ) e edema (92,1 ) foram os sintomas somáticos mais prevalentes. Ansiedade e tensão e cefaleia ocorreram independentemente de outros sintomas. Compulsão alimentar esteve relacionada com ganho de peso, acne e exacerbações imunoalérgicas, aumentando sua probabilidade de ocorrência em 19,5 , 17,1 e 12,5 , respectivamente, e reduzindo a ocorrência de edema em 7,4 . Instabilidade emocional aumentou a probabilidade de exacerbações imunoalérgicas em 10,0 e de mastalgia em 6,4 . Depressão e tristeza foi inversamente correlacionada com acne e ganho de peso, com reduções na ocorrência de 6,7 e 5,1 , respectivamente. A prevalência de TDPM encontrada é consistente com outros estudos populacionais, e os sintomas psicoemocionais foram mais prevalentes que os sintomas somáticos. A análise de correlação fornece novos insights sobre a sintomatologia pré-menstrual.

Para a revisão sistemática, foram elaboradas tabelas com ensaios clínicos randomizados (ECR) controlados por placebo, comparador ativo ou grupos-controle, com tratamentos para TDPM e SPM, que avaliaram o efeito sobre os sintomas pré-menstruais de antidepressivos, contraceptivos hormonais, terapia cognitivo comportamental (TCC), exercícios físicos e vitamina B6, que foram as opções terapêuticas que demonstraram melhor eficácia, segundo revisão prévia da literatura. Foram utilizados os termos premenstrual dysphoric disorder e premenstrual syndrome, com suas terminologias associadas, combinados com os respectivos termos para cada tratamento: Antidepressants, Contraceptives, Cognitive Behavioral Therapy e Vitamin B6, também com suas terminologias associadas. As buscas foram feitas nas bases de dados MEDLINE e Embase, sendo avaliados artigos publicados em inglês, português e espanhol. O período de busca foi de 1994, ano de publicação da 4ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV) e oficialização do termo ‘transtorno disfórico pré-menstrual’, até agosto de 2024. Utilizada a ferramenta RoB2 para análise do risco de viés. Registro na PROSPERO CRD42024528098.

Foram identificados 33 ECRs com antidepressivos, sete com contraceptivos hormonais, doze com TCC, dez com exercícios físicos e cinco com vitamina B6. Os antidepressivos têm a maior quantidade de evidências para uso no TDPM e SPM, seguidos pelos contraceptivos orais combinados com drospirenona e etinilestradiol. A sertralina é o antidepressivo com maior número de estudos. Apesar de comumente recomendada, a associação dos dois tratamentos não é bem estudada. Terapia cognitivo-comportamental e exercícios físicos podem ser recomendados como tratamentos adjuvantes ou até como monoterapia em casos leves ou moderados. Vitamina B6 possui evidências inconsistentes, necessitando de análise mais aprofundada.

Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas

Correspondência:
Rua Vital Brasil, 80, Cidade Universitária, Campinas-SP, CEP: 13.083-888 – Campinas, SP, Brasil
Acesso:
R. Albert Sabin, s/ nº. Cidade Universitária "Zeferino Vaz" CEP: 13083-894. Campinas, SP, Brasil.
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