Os Eventos Adversos na Infância (EAI) são associados a maus resultados de saúde mental à longo prazo. Nada obstante, o conhecimento sobre a prevalência dos EAI e as consequências relacionadas ainda é escasso entre adultos de países da América do Sul. Neste trabalho, foi examinada a prevalência autorrelatada de cinco formas diferentes de EAI em uma amostra de 106 mulheres brasileiras, especificamente do estado de São Paulo, mães lactentes de bebês entre 0 e 11 meses e 29 dias.
Avaliamos quantitativamente a associação entre prevalência de Traumas e fatores demográficos e sociais, associação entre a prevalência traumas e características psicossociais, como risco de depressão de pós-parto, qualidade de vida, personalidade e suporte social e também a prevalência de traumas e marcadores de ativação inflamatória. Dados transversais usando o Childhood Trauma Questionnaire, ou Questionário Sobre Traumas na Infância - QUESI, World Health Organization Quality of Life (WHOQOL) Group - Instrumento Abreviado de Avaliação de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde, Escala de Percepção de Suporte Social (MOS-SSS) – Medical Outcomes Study Social Support Survey, Inventário de Personalidade Revisado e Abreviado (NEO-FFI-R), Escala de depressão pós-natal de Edimburgo (EDPNE) e Questionário de classificação socioeconômica foram analisados.
Os dados relativos à prevalência de Trauma na Infância na população estudada foram apresentados com base na presença de “Qualquer Abuso” ou “Qualquer Negligência” versus “Nenhum Abuso” ou “Nenhuma Negligência. A prevalência consolidada de 34,9 de Abuso Emocional (AE), 10,4 de Abuso Físico (AF), 5,7 de Abuso Sexual (AS), 33 de Negligência Emocional (NE), e 11,3 de Negligência Física (NF) foi detectada no estudo. O Abuso Emocional, a Negligencia Emocional e Física foram detectados com escores significativos nas análises dos fatores psicossociais, no acesso aos serviços de saúde, bem como na qualidade de vida e percepção de suporte social da população estudada.
Nossos resultados sublinham os potenciais efeitos prejudiciais, principalmente, de abusos e negligências, físicas e emocionais na infância de mães lactentes, salientando a necessidade de aprimorar a prevenção através de ações de intervenção para reduzir a exposição e as consequências dos EAI.