Patient Blood Management (PBM) é definido como uma aplicação multidisciplinar de condutas médico-cirúrgicas baseadas em evidência destinadas a preservar níveis de hemoglobina (Hb), otimizar hemostasia e minimizar perda de sangue, em um esforço para melhorar desfechos clínicos. Sob essa perspectiva, no contexto de Terapia Intensiva, o uso de hemocompenentes integram parte do cuidado diário ao paciente crítico, seja no momento de requisição e coleta de amostras para exames laboratoriais, no manejo de sangramentos espontâneos ou secundários à assistência, ou mesmo na transfusão de hemocomponentes para tratamento de anemia adquirida ou agravada na internação. Dessa forma, o presente trabalho prestou-se a elaborar um protocolo assistencial que desse embasamento ao PBM aplicado ao ambiente de UTI, ao utilizar como substrato um estudo observacional, retrospectivo, transversal feito através de análise de prontuário, cujo público-alvo foi composto por pacientes 200 pacientes acima de 14 anos com diagnóstico de AVC na admissão hospitalar ou durante ela, com o objetivo de mapear parte do manejo atual de sangue em leito intensivo, especificamente em sua estadia em UTI. Foram analisados os prontuários entre os anos 2022 e 2023, as principais variáveis analisadas foram o número de dias de internação em UTI, Hb de admissão (entrada), volume de sangue espoliado por coleta de exames total, número de transfusões de concentrados de hemácias e número de eventos hemorrágicos clinicamente significantes. Como esperado (em consonância com a literatura vigente) o número de dias de internação em UTI e o volume total de sangue espoliado são diretamente proporcionais, além disso, entre os transfundidos, a quantidade de sangue espoliado também foi maior. O número de eventos hemorrágicos com possível impacto sobre Hb foi infrequente (11 pacientes). Ao considerar os dados obtidos, além da literatura já consagrada, foram inclusas no protocolo orientações para fatores de risco para transfusão ao longo da internação, orientações de coleta de amostra de sangue, bem como uso racional de exames laboratoriais, limiares de transfusão e manejo de coagulopatias, em linhas gerais, além de pontuar causas reversíveis de anemia.