Introdução: A asma é uma doença inflamatória crônica heterogênea das vias aéreas, resultado de interações complexas entre fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida, como obesidade e deficiência de vitamina D. A doença apresenta diferentes fenótipos inflamatórios, caracterizados por respostas T2 e não-T2, que podem influenciar a gravidade, o controle e a função pulmonar.
Objetivo: Investigar a associação entre citocinas inflamatórias, níveis de vitamina D, controle, gravidade e função pulmonar em crianças e adolescentes com asma, explorando as interações entre respostas T2 e não-T2.
Método: Estudo observacional transversal com 80 crianças e adolescentes entre 7 e 17 anos com diagnóstico de asma. O controle e a gravidade da asma foram avaliados pelos testes ACT/c-ACT e pela classificação da GINA, respectivamente. Foram realizadas espirometria pré- e pós-broncodilatador, coleta de sangue para análise das citocinas (IL-4, IL-5, IL-10, IL-13, IL-17, IFNγ, TNFα) e dos níveis séricos de 25-hidroxivitamina D (25(OH)VitD), além da análise de celularidade do escarro induzido.
Resultados: O estudo revelou uma interação entre citocinas inflamatórias, níveis de vitamina D, controle, gravidade e função pulmonar em crianças e adolescentes com asma. Níveis adequados de 25(OH)VitD (≥30 ng/ml) foram associados a melhores parâmetros espirométricos, como CVF (p=0,021) e VEF1 (p=0,035), sugerindo um impacto positivo da vitamina D na função pulmonar. Em relação às respostas inflamatórias, IL-4, IL-5, IL-10 e IL-17 apresentaram correlação negativa com a função pulmonar, enquanto IL-5 (p=0,010) e TNFα (p=0,043) estiveram significativamente associados à gravidade da asma. A IL-17 foi associada à obstrução das vias aéreas e à resposta broncodilatadora (p=0,041). Pacientes com sobrepeso ou obesidade apresentaram níveis elevados de IFNγ (p=0,048) e TNFα (p=0,039), destacando a influência do estado nutricional na inflamação. Não foram observadas diferenças significativas na celularidade do escarro entre os grupos analisados (p>0,05).
Conclusão: Os resultados indicam um perfil inflamatório misto na asma pediátrica, com respostas T2 e não-T2 contribuindo para alterações estruturais e funcionais das vias aéreas. Marcadores inflamatórios como IL-5, TNFα e IL-17 desempenham papel relevante na gravidade da asma, enquanto níveis adequados de 25(OH)VitD têm impacto positivo na função pulmonar. Esses achados reforçam a importância de uma abordagem individualizada no manejo da asma em crianças e adolescentes.
Palavras-chave: Asma, citocinas, criança, inflamação, função pulmonar, vitamina D