Objetivo: Investigar se o tempo de fluxo carotídeo pode ser utilizado para determinar a fluido-responsividade em crianças gravemente doentes.
Métodos: Este foi um estudo prospectivo, unicêntrico, incluindo crianças em ventilação mecânica que foram submetidas à reposição volêmica a critério do médico assistente. Avaliações ultrassonográficas Doppler do fluxo sanguíneo carotídeo foram realizadas antes e após a expansão volêmica. O tempo de fluxo carotídeo corrigido (CFTca) foi calculado como o tempo da sístole/√tempo de ciclo. A média de três medições foi considerada na análise.
Resultados: Um total de 30 pacientes foi incluído, com idade e peso médios de 20 meses (IQR 7,0–65,0) e 10 kg (IQR 6,0–20,0), respectivamente. O aumento no volume sistólico induzido pela expansão do volume foi superior a 15 em 12 pacientes (respondedores). Antes da expansão do volume, o CFTca mediano foi menor nos respondentes do que nos não respondentes [290 ms (IQR 254–317) vs. 329 ms (IQR 307–343); p=0,038]. O CFTca previu a responsividade ao volume com uma área sob a curva ROC (AUC) de 0,82 (95 CI, 0,64-0,93; p<0,001). O melhor valor de corte para o CFTca foi 312 ms (sensibilidade, 91,7 ; especificidade, 77,8 ; valor preditivo positivo 73,3 , valor preditivo negativo, 93,3 ). O grupo de pacientes com CFTca<312 ms apresentou maior responsividade a fluidoterapia, com uma OR de 17,5 (95 CI, 2,7-114,8) e uma razão de risco de 5,7 (95 CI, 1,5-21,8).
Conclusão: A análise do tempo de fluxo carotídeo tem o potencial de ser um método preciso para prever os efeitos hemodinâmicos da expansão volêmica em crianças sob ventilação mecânica invasiva.
