Epilepsia é a doença neurológica crônica mais comum da infância e caracteriza-se pela predisposição persistente do cérebro gerar crises epilépticas espontâneas. Cerca de 20 a 30 das epilepsias não respondem ao tratamento medicamentoso e são consideradas farmacorresistentes.
Para estes, a cirurgia de epilepsia, quando indicada, é a melhor opção terapêutica. A longo prazo, cerca de 50 dos pacientes estarão livres de crise após o tratamento cirúrgico. O presente estudo tem o objetivo de avaliar preditores clínicos e de neuroimagem do prognóstico cirúrgico em epilepsias farmacoresistentes da infância e adolescência. Serão avaliados retrospectivamente dados clínicos e de neuroimagem de pacientes de até 18 anos submetidos à cirurgia de epilepsia, no Hospital das Clínicas da UNICAMP. O estudo foi realizado através da análise de prontuários e de exames de ressonância magnética já adquiridos. A partir de dados clínicos específcos, foram avaliados a concordância com um normograma já publicado e validado para adultos com o prognóstico cirúrgico através do cálculo do c-index. Padrões de dano de substâncias branca e cinzenta foram avaliados através da técnica de morfometria baseada em voxels. O programa SPSS 24.0 foi utilizado para a análise estatística de acordo com a distribuição dos dados. Como resultados, observamos i) o normograma aplicado para determinação individual de cirurgia de epilepsia não é um bom preditor para a faixa etária pediátrica; ii) Necessidade de preditores mais específicos para a população pediátrica; iii) há padrões distintos de atrofia de substância branca (SB) e substância cinzenta (SC) a depender da topografia da epilepsia; iv) indivíduos Engel não I apresentaram mais atrofia de SB difusa em relação aos indivíduos Engel I; v) atrofia de SC parece não influenciar o outcome cirúrgico.