Objetivos: Realizar o mapeamento de padrões de consumo de bebidas alcoólicas (uso de álcool de baixo risco, de risco, de alto risco e de provável dependência) na população de estudantes de graduação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP); apresentar os fatores associados aos padrões de gravidade e comparar os resultados com os dados obtidos em pesquisa realizada nesta mesma Universidade nos anos de 2005/2006. Métodos: Este estudo insere-se num projeto amplo que envolveu uma caracterização pormenorizada da população de estudantes de graduação da UNICAMP, realizado entre 2017 e 2018. Os dados quantitativos e qualitativos foram coletados por meio de questionário individual, preenchido anonimamente por cada participante. A amostra consistiu em 6906 alunos de graduação da UNICAMP. O questionário contempla informações sociodemográficas; situação estudantil; etnia; religião; saúde física e mental, uso de substâncias psicoativas (SPA), comportamentos de risco, uso de internet e sexualidade. Para análise dos padrões de uso de álcool foi utilizado o Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT). As respostas foram analisadas a partir da criação de um banco de dados utilizando o programa estatístico R/RStudio; após, realizou-se análise bivariada com nível de significância de 1 e regressão logística múltipla e ordinal, com nível de significância de 5 . Resultados: Entre os 6906 estudantes avaliados, 65,5 eram abstêmios ou bebiam em padrão de baixo risco; 1 em cada 4 estudantes estão na faixa considerada de risco; 4,8 bebiam em padrão de alto risco e 3 possuíam uma provável dependência. Os fatores que aumentaram a chance de agravamento do padrão do beber foram: ser solteiro; pertencer à classe social A; antecedente familiar de transtorno por uso de SPA/transtornos mentais; não desenvolver pesquisa; pouca religiosidade; ter alguém na universidade como rede de apoio; dificuldade para dormir; fazer uso de cigarro, maconha, solventes e/ou ecstasy; sintomas leves a moderados de dependência à internet e seu uso para fazer amizades, fins eróticos e usar ao dirigir. Em relação a fatores associados a progressões específicas de gravidade: no corte > 8, ter estudado em escola particular, relacionamento ruim com professores e dirigir sob efeito de SPA; no corte > 16, associação com o sexo masculino, falta às aulas e Transtornos Mentais autorreferidos e no grupo de maior gravidade (corte > 20), associação com uso de cocaína e pensamentos suicidas. Houve aumento significativo do consumo de risco, de alto risco e provável dependência particularmente entre as mulheres. Houve frequência cinco vezes maior de relação sexual quando embriagada ou sob efeito de outra droga, entre as alunas em comparação com as estudantes do levantamento anterior. Conclusões: Para a maior parte dos universitários, o uso de álcool não ocorre de forma problemática, todavia, as taxas de uso de risco e alto risco de bebidas alcoólicas, particularmente o aumento entre mulheres, e sua associação com problemas acadêmicos e de saúde mental, indicam a necessidade de programas dirigidos em ambiente universitário. Dentre os que fazem consumo desta substância, existe um subgrupo com maior gravidade, que necessita de abordagens mais dirigidas para que o beber não comprometa o futuro do estudante.