Qualificações e defesas - Detalhes


Monitoramento Terapêutico e Polimorfismos Associados ao Uso de Adalimumabe em Pacientes com Doença de Crohn.


Candidato(a): Lívia Moreira Genaro
Orientador(a): Raquel Franco Leal

Apresentação de Defesa

Curso: Ciências da Cirurgia
Local: Anfiteatro do Gastrocentro
Data: 04/11/2024 - 08:45
Banca avaliadora
Titulares
Raquel Franco Leal
Lucas Faraco Sobrado
Tiago Seva Pereira
Marcelo Rodrigues Borba
Carlos Augusto Real Martinez
Suplentes
Giovanna Rosa Degasperi
Simone Reges Perales
Denise Morais da Fonseca

Resumo



Introdução: A doença de Crohn (DC), caracteriza-se pela inflamação crônica do trato gastrointestinal, manifestando sintomas como hemorragia, dor abdominal e perda de peso. A patofisiologia dessa doença envolve interações entre o sistema imunológico e o tecido intestinal, destacando a importância das células imunes e citocinas pró-inflamatórias, como o Fator de Necrose Tumoral (TNF-α), na perpetuação do processo inflamatório. O adalimumabe, um anticorpo monoclonal humano, é capaz de neutralizar o TNF-α, desempenhando um papel crucial na regulação das respostas inflamatórias associadas a essa citocina. Apesar de ser humanizado, ainda pode levar a processos imunogênicos, estes associados a ineficácia terapêutica. Assim, o monitoramento dos níveis séricos e dos níveis de anticorpos anti-droga é proposto como uma abordagem para otimizar a terapia, permitindo ajustes terapêuticos ideais. Além disso, a compreensão de fatores genéticos que podem influenciar a resposta clínica ao adalimumabe visa contribuir para fornecer novas elucidações sobre a relação entre fatores genéticos, imunológicos e o quadro clínico dos pacientes com DC. De maneira geral, esses dados podem permitir uma personalização da terapêutica, melhorando a qualidade de vida do paciente. Objetivo: Quantificar o nível sérico de adalimumabe, e avaliar a intercambialidade entre os testes de níveis séricos. Além disso, detectar a presença de anticorpos anti-adalimumabe (ADA), avaliar a formação de complexos imunes e investigar os fenótipos genéticos associados à imunogenicidade em pacientes com DC acompanhados no Ambulatório de Doenças Inflamatórias Intestinais do Gastrocentro e no Ambulatório de Diarreias do Hospital das Clínicas - Unicamp. Métodos: O estudo incluiu 70 pacientes em fase de manutenção que utilizavam o adalimumabe como terapia para a DC, tendo sidos subdivididos em atividade (DCA) e em remissão (DCR) de acordo com critérios endoscópicos ou radiológicos. Amostras de sangue periférico foram obtidas e processadas para obtenção de soro, DNA genômico. A concentração de adalimumabe foi determinada por ensaios de imunoabsorção enzimática (Promonitor) e ensaio de fluxo lateral (Quantum Blue). A intercambiabilidade entre os ensaios foi comparada pela análise de regressão Passing-Bablok e Bland-Altman. A presença de anticorpos anti-adalimumabe e a formação de complexos imunes foram quantificadas por
ensaios de ELISA. O DNA genômico foi extraído, e posteriormente genotipado para ATG16L1, CD96 e CD155. Resultados: As concentrações séricas de adalimumabe não apresentaram diferenças significativas entre os grupos, independentemente do ensaio realizado. No entanto, uma diferença estatística foi observada entre os ensaios, indicando disparidade nas medidas (p=0,003), com concordância moderada (correlação de Lin de 0,247). ADA foram detectados em 4 dos 27 pacientes com níveis infraterapêuticos, sendo 3 no grupo com DCA e 1 no grupo DCR. A análise dos complexos imunes revelou concentrações significativamente mais elevadas no grupo DCA (p=0,0125). A avaliação genotípica indicou associações significativas entre o genótipo CD96 CC (tipo selvagem) e níveis elevados de proteína C-reativa (PCR), envolvimento colônico e níveis infraterapêuticos de adalimumabe. O genótipo ATG16L1 CC foi associado a valores mais elevados de Índice de Atividade Endoscópica da Doença de Crohn (CDEIS) e calprotectina fecal, enquanto o genótipo variante (TT) apresentou contagens de plaquetas mais baixas. Conclusão: Nosso estudo demonstrou que a eficácia do tratamento com adalimumabe não está diretamente relacionada a níveis mais elevados do medicamento nesta coorte. A disparidade entre os ensaios sugere a necessidade de utilizar apenas um método de teste no acompanhamento do paciente para garantir a precisão no monitoramento terapêutico. As diferenças genotípicas destacam a correlação entre o genótipo selvagem para CD96 e ATG16L1 e respostas laboratoriais e endoscópicas desfavoráveis ao adalimumabe. Finalmente, os níveis significativamente elevados de complexos imunes no grupo DCA indicam uma associação com pior resposta ao tratamento com adalimumabe.

Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas

Correspondência:
Rua Vital Brasil, 80, Cidade Universitária, Campinas-SP, CEP: 13.083-888 – Campinas, SP, Brasil
Acesso:
R. Albert Sabin, s/ nº. Cidade Universitária "Zeferino Vaz" CEP: 13083-894. Campinas, SP, Brasil.
Desenvolvido pela TI / FCM
FCM - Faculdade de Ciências Médicas